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Bento XVI passa diante de cartaz com sua foto em Leon, no México | Hector Guerrer/AFP
Bento XVI passa diante de cartaz com sua foto em Leon, no México| Foto: Hector Guerrer/AFP

Visita

No México, Papa pede convivência pacífica

O papa Bento XVI afirmou que nenhum poder pode desprezar a dignidade humana, em seu primeiro dia no México, e pediu aos católicos para reafirmar sua fé. O Pontífice disse ainda que os mexicanos precisam ser "fermento na sociedade, contribuindo para uma convivência respeitosa e pacífica, baseada na inigualável dignidade de qualquer pessoa, criada por Deus".

O Papa citou as guerras antidrogas que atingem o México e que deixaram desde dezembro de 2006 mais de 50 mil mortos como resultados de disputas entre os cartéis e a repressão militar.

Domingo

Milhares de mexicanos compareceram neste domingo (25) ao evento considerado o ponto alto da visita do papa Bento XVI a esse país latino-americano: uma missa ao ar livre nas sombras do monumento de Cristo Rei. Romeiros caminharam várias léguas com cadeiras de plásticos, garrafas de água e mochilas cheias de comida para o parque ensolarado onde Bento XVI irá celebrar a missa juntamente com bispos e cardeais de todas as Américas.

As estradas que dão ao parque foram fechadas neste domingo por motivo de segurança. Bento sobrevoou o parque e abençoou o monumento de Cristo Rei. A estátua é um dos mais importantes símbolos do catolicismo mexicano e uma lembrança do levante católico de 1926 a 1929 contra o governo. As leis antirreligiosas de então proibiram missas públicas como a que Bento XVI celebrou neste domingo.

O regime que até a década de 1990 se declarava ateu e que já expulsou religiosos se prepara com empenho quase fervoroso para receber a visita do Papa Bento XVI a Cuba. Com uma página especial na internet sobre a viagem do Pontífice, editoriais no jornal Granma, e a concessão de folgas para que funcionários públicos acompanhem os eventos com a presença de Joseph Ratzinger, o governo quer deixar clara a mensagem de um país em transição, onde a Igreja Católica e seu maior representante são bem-vindos.

A demonstração de boa vontade do regime não é à toa. Nos últimos anos, estreitou-se o relacionamento entre o governo e a Igreja Católica. Em um país onde o Estado começa, aos poucos, a reduzir subsídios, a Igreja tem assumido cada vez mais a rede de proteção social. Nas paróquias, proliferam restaurantes populares, aulas de informática, cultura geral e até de economia. Entre os pontos que devem ser discutidos estão o maior acesso a rádios e tevê estatal, a administração de escolas e a permissão para construir novas igrejas.

Na opinião do historiador Enrique López Oliva, da Universidade de Havana, a aproximação com o Estado faz parte de uma estratégia para o futuro.

"A Igreja Católica está se preparando para um futuro sem os irmãos Castro. Ela está construindo o aparato laico, reforçando seu sistema pastoral. Hoje, a maioria dos padres cubanos foi ordenada depois da revolução. Não foram afetados diretamente pelo processo de confrontação dos anos 60 e 70, o que possibilita ao clero dialogar e entender melhor o povo", diz.

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