Katmandu Milhares de nepaleses expressaram sua felicidade ontem no centro de Katmandu, a algumas centenas de metros do palácio real, depois de o rei Gyanendra ter anunciado o restabelecimento do Parlamento dissolvido em 2002. "É a vitória do povo", gritavam, empolgados, os jovens nepaleses, pulando e aplaudindo no meio da noite. Carros buzinavam e acendiam seus faróis sob o olhar de soldados e de policiais sorridentes. "É a vitória dos cidadãos nepaleses. Estamos orgulhosos do sangue derramado, orgulhosos de nosso povo", declarou Rashul Jha, um adolescente de 15 anos que participou de todas as manifestações dos últimos dias.
O rei aceitou ontem o pedido da oposição de restabelecer o Parlamento, que havia dissolvido em 2002. "Agora, temos nossa soberania de volta", festejou P.K. Sinha, um farmacêutico de 54 anos que também foi às ruas todos os dias desde que começou essa contestação sem precedentes desde o golpe do rei. O movimento, lançado em 6 de abril pelos sete principais partidos de oposição, havia começado apenas com os militantes. Porém, dia após dia, mais pessoas se juntaram a eles, sem restrições de idade, sexo, ou profissão.
"Declaramos a reinstauração do Parlamento", anunciou o rei Gyanendra do Nepal, em discurso pronunciado ontem pela televisão, um dia antes de manifestação convocada pelos partidos de oposição na capital para pedir democracia. Em fevereiro do ano passado, o rei Gyanendra dissolveu o gabinete depois de acusá-lo de corrupto e assumiu todos os poderes, mas fracassou em frear os rebeldes maoístas, em atividade no país há 10 anos. A reinstauração do Parlamento se tornará efetiva a partir de sexta-feira, precisou o monarca.
Pelo menos 14 pessoas morreram e centenas ficaram feridas vítimas durante as manifestações.
