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O brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, relator especial das Nações Unidas para os direitos humanos em Mianmar (antiga Birmânia), reuniu-se nesta segunda-feira com oficiais da Junta Militar que governa o país, informaram fontes oficiais.

Paulo Sérgio Pinheiro encontrou-se com eles em Yangun, depois de um cancelamento por razões desconhecidas de sua viagem prevista a Napydaw, a nova capital administrativa, segundo as mesmas fontes, que não forneceram outros detalhes.

Ainda nesta segunda, o brasileiro se reunirá com representantes do alto clero budista, após um encontro neste domingo, dia em que chegou ao país, com o abade do mosteiro de Kya Khat Waing, na cidade de Bago, ao norte de Yangun.

Além disso, Paulo Sérgio Pinheiro reuniu-se com vários monges ligados ao pagode de Shwedagon, símbolo das últimas manifestações a favor da democracia, indicou a ONU em comunicado.

A visita de cinco dias do brasileiro acontece depois da realizada na semana passada pelo enviado especial das Nações Unidas para Mianmar, Ibrahim Gambari, que conseguiu se encontrar com vários altos cargos da Junta Militar e da oposição, liderada pela Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, sob prisão domiciliar desde 2003.

O diplomata brasileiro não tinha sido autorizado a visitar o país desde 2003, quando interrompeu repentinamente a missão que realizava após descobrir microfones escondidos quando se reunia com presos políticos.

No começo de outubro, o Conselho de Direitos Humanos da ONU, reunido em uma sessão especial para abordar a situação criada pela repressão das manifestações pacíficas no país, pediu às autoridades birmanesas que permitissem uma visita do relator especial, a fim de investigar a onda repressiva.

As Nações Unidas e a Anistia Internacional (AI) calculam que mais de 1.100 birmaneses estão presos por motivos políticos desde antes das forças de segurança achatarem, em setembro, as grandes manifestações pacíficas em favor da democracia.

Desde então, as autoridades admitem 10 mortos e quase três mil detidos, das quais dizem que a grande maioria já está em liberdade, enquanto a dissidência assinala que cerca de 200 pessoas morreram e que mais seis mil foram detidas.

Paulo Sérgio Pinheiro é carioca, doutor em Ciência Política pela Universidade de Paris e professor da USP. Especializado em direitos humanos, exerceu o cargo de relator do programa nacional de Direitos Humanos em 1996 e é membro da ONG Comissão Teotônio Vilela.

Na ONU, foi relator para o Togo e o Burundi e, desde 2001, é relator para a antiga Birmânia.

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