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Paris – A França perdeu Joana d’Arc, isto é, uma das três figuras mais prestigiosas de sua história, ao lado de Carlos Magno e Napoleão. Pois não foi ela que conteve a França à beira do abismo, no fim da Idade Média, assumindo a frente dos exércitos e guerreando contra os ingleses (na Guerra dos Cem Anos)? Capturada, foi queimada como feiticeira pelos ingleses em 1431, na praça do Velho Mercado em Rouen. Mais tarde a Igreja a canonizou.

O corpo da santa seguramente desapareceu durante o suplício, mas em 1867, descobriu-se na casa de um boticário parisiense uma redoma ornamentada com uma etiqueta: "Restos encontrados sob a fogueira de Joana d’Arc." Prudente, a Igreja jamais ratificou esse achado, mas ele foi ainda assim conservado piedosamente em Chinon. Ele era constituído por fragmentos enegrecidos de costelas, pedaços de pano, matérias orgânicas e um fêmur de gato.

Recentemente, um especialista em paleopatologia e sua equipe de 28 pesquisadores analisaram os despojos. O veredicto saiu ontem na revista britânica Nature: "Não. Esses restos não são de Santa Joana d`Arc." O especialista não pôde recorrer ao DNA, mas sua demonstração é convincente. Uma evidência: esses restos não foram queimados. A substância enegrecida que os envolve não se deveu a uma combustão, mas a um embalsamamento com betume.

Outra anomalia: as tiras de pano que envolvem a relíquia são feitas de linho egípcio. Ademais, encontrou-se pólen de pinheiro nesses restos. Ora, não havia pinheiros no século 15 na Normandia, onde a santa foi martirizada.

Quanto aos ossos de gato, sua presença parecia normal porque na Idade Média queimava-se, com freqüência, um gato (animal do diabo) junto com os hereges. Mas o gato da redoma não era de uma raça européia.

Restava um enigma: como uma múmia pôde passar por Joana d’Arc? Os especialistas não se espantaram. Múmias egípcias eram vendidas, às vezes, por boticários a estudantes de medicina para estes fazerem dissecações. Muitas das que hoje estão no Museu do Louvre foram levadas à França pelos soldados que participaram da expedição de Napoleão Bonaparte ao Egito e que não negavam o interesse pelos chamados "corpos em conserva".

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