
Uma operação policial ontem para expulsar os manifestantes acampados na Praça Catalunya, no centro de Barcelona, deixou ao menos 121 feridos. A ação tinha o objetivo declarado de limpar a praça e de eliminar possíveis objetos violentos, para evitar conflitos durante uma eventual celebração da conquista da Liga dos Campeões pelo Barcelona, em jogo neste sábado.
Contudo, acredita-se que a real intenção do governo catalão era a de desmobilizar o acampamento, pois houve destruição das barracas em que se organizavam em comissões temáticas e apreensão dos equipamentos de comunicação e informática.
A Praça Catalunya foi apelidada de "Praça dos Indignados. Com inspiração nas recentes manifestações na Praça Tahrir, no Egito, os jovens pedem mais empregos e "democracia real, além de criticar a corrupção.
O movimento tem sido chamado de 15M, em referência ao dia em que começou (15 de maio).
Com o auxílio das redes sociais, jovens divulgaram fotos e vídeos das ações policiais e convocaram os cidadãos à resistência pacífica.
Pressionada pela repercussão negativa das imagens de truculência na desocupação, a polícia liberou a praça no fim da manhã.
À tarde, manifestantes voltaram a circular pela praça. Alguns com camisetas manchadas de sangue exibiam nelas a frase "resistência pacífica. Helicópteros da polícia sobrevoavam o local.
Um jovem, com uma bala não letal disparada pela polícia na mão e uma flor na outra, segurava um cartaz que dizia: "Suas armas são essas [referência à bala]; as nossas armas são as palavras.
Um "panelaço em protesto à repressão policial foi convocado para a noite de ontem e reuniu milhares de pessoas.
O clima do "panelaço era festivo, com pessoas de variadas idades segurando flores e batucando em tambores, panelas, frigideiras e chaves, por mais de 40 minutos ininterruptos de barulho.
As roupas floridas e coloridas também ajudavam a remontar ao clima de Maio de 68. Os "panelaços vinham ocorrendo diariamente desde que começou a ocupação da praça, há 13 dias. Contudo, nunca haviam reunido número tão grande de manifestantes.
Em Madri, logo após a ação policial, manifestantes voltaram a lotar a Praça do Sol, onde tiveram origem as manifestações. Como em Barcelona, os jovens traziam flores e criticavam a violência.


