Na convenção antidrogas das Nações Unidas, na semana passada, um grupo de 26 estados defendeu a inclusão do conceito de "redução de danos" no plano de ações para os próximos dez anos. Eles pediam a separação das políticas sobre consumo daquelas sobre comércio de drogas e políticas de saúde pública para lidar com os usuários. Por falta de uma definição precisa do que isso signifique, eles não foram atendidos.
Mas, se depender do responsável pelo combate às drogas indicado por Barack Obama, os EUA devem embarcar em ideias inovadoras. Como chefe de polícia da cidade de Seattle por oito anos, Gil Kerlikowske trocou os processos judiciais e o aprisionamento de usuários por tratamento e reabilitação. Hoje, 20% da população carcerária dos EUA cumprem pena por causa de drogas, um gasto ao Estado americano de US$ 6 bilhões ao ano. Os oficiais de Kerlikowske foram ainda orientados a deixar de lado a perseguição contra usuários de maconha.
Outra medida incentivada por ele, a distribuição de seringas injetáveis para dependentes, é usada no Brasil, o que resultou em queda de 70% dos casos de transmissão do vírus da aids entre usuários nos últimos dez anos.
Ao redor do mundo, proponentes de medidas alternativas mais radicais pregam a legalização das drogas, baseados no argumento principal de que a proibição, instaurada há um século, só induziu à criação de máfias.
"Quem quer legalizar ainda não explicou bem como vai funcionar na prática. Obviamente, haveria um limite de idade, e adolescentes só poderiam comprar no tráfico, criando um mercado paralelo", critica o representante do escritório da ONU para Drogas e Crime, Giovanni Quaglia.
Os radicais perdem apoio até de seu "país dos sonhos". A Holanda, cujas leis permitem o uso de drogas, já fechou a metade de seus "coffee shops", locais onde é possível comprar e usar maconha. (HC)
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