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Manifestações trouxeram novamente à tona o descontentamento dos árabes com relação à causa palestina | Reuters
Manifestações trouxeram novamente à tona o descontentamento dos árabes com relação à causa palestina| Foto: Reuters

Soldados israelenses entraram em choque com manifestantes árabes ontem em três pontos distintos da fronteira, em episódios de violência que resultaram na morte de 16 participantes dos protestos e deixaram dezenas de pessoas feridas.

A repressão aos manifestantes marcou uma onda inesperada e sem precedentes de protestos convocados para marcar a "nakba", ou "catástrofe", termo usado pelos palestinos para se referir à expulsão de milhares de seus ascendentes em 1948, no desfecho da guerra resultante da criação de Israel.

Todos os anos, a "nakba" é marcada por manifestações convocadas por grupos palestinos. Neste ano, pela primeira vez, transcendeu as fronteiras de Israel e dos territórios palestinos ocupados. No incidente mais sério ocorrido ontem, centenas de manifestantes atravessaram uma barreira nas Colinas do Golã, disputada por Israel e Síria, segundo o exército israelense. Soldados de Israel usaram munição real para conter os manifestantes, que levavam pedras nas mãos. Dezenas de pessoas ficaram feridas e pelo menos quatro morreram.

Funcionários israelenses disseram que o exército não esperava que os manifestantes tentariam atravessar a barreira, motivo pelo qual os soldados teriam sido pegos de surpresa. Os protestos foram convocados por meio da internet, em uma tentativa de mobilizar os palestinos e seus defensores em países vizinhos a marcharem até a fronteira com Israel.

Israel capturou as Colinas de Golã em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, e posteriormente anexou o território. Síria e Israel não se engajam em combates no Golã desde 1973. A fronteira entre Israel e Síria costuma ser tranquila, apesar da tensão entre os dois países, e funcionários israelenses acusaram Damasco de "fomentar a violência para desviar a atenção" da repressão aos protestos contra o presidente Bashar Assad.

"O regime sírio está intencionalmente tentando desviar a atenção do mundo da brutal repressão a seus próprios cidadãos e incita a violência contra Israel", acusou a tenente coronel Avital Leibovich, uma porta-voz do exército de Israel.

Depois dos incidentes ocorridos ontem, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou ter ordenado que o Exército aja com "máxima prudência." "Mas ninguém deve se enganar. Estamos determinados a defender nossas fronteiras e nossa soberania", completou ele em uma breve declaração na tevê israelense. No início da noite de ontem, pelo horário local, o exército israelense informou que a situação era calma em suas fronteiras.

Descontentamento

As manifestações trouxeram de volta à tona o descontentamento dos árabes com relação à causa palestina para além das fronteiras da Faixa de Gaza e da Cis­jordânia e marcam a primeira vez que as táticas de protesto que vêm tomando o mundo árabe nos últimos meses são direcionadas a Israel.

Confrontos também aconteceram ao longo da fronteira norte de Israel com o Líbano, assim como na Faixa de Gaza, perto da fronteira sul com Israel. O Exército israelense informou que 13 soldados ficaram levemente feridos nos confrontos no Líbano e na Síria. Além disso, centenas de palestinos atiraram pedras contra a polícia israelense e queimaram pneus em postos de controle perto de Jeru­­salém, mas depois foram dispersados.

Na época, a disputa tirou vários palestinos de suas casas. A briga sobre o destino dos refugiados e seus descendentes, que agora já somam vários milhões de pessoas, continua sendo uma importante questão no conflito do Oriente Médio.

Um jovem caminhoneiro árabe-israelense bateu com seu veículo em vários carros e pedestres israelenses ao longo de dois quilômetros de uma via central de Tel-Aviv, em um acidente que deixou um morto e vinte feridos. O incidente está sendo investigado pela polícia, que suspeita de motivação ideológica.

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