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Mais de 25 milhões de congoleses comparecerão amanhã às urnas para escolher o novo presidente no segundo turno das eleições na República Democrática do Congo (RDC) em meio a um clima de tensão gerado pela atormentada transição política no país.

Há mais de 40 anos que a República Democrática do Congo não escolhia um governante em eleições que tivessem a participação de vários partidos e a votação acontece quatro anos após uma sangrenta guerra civil.

A população congolesa terá que escolher entre o presidente Joseph Kabila, no poder desde 26 de janeiro de 2001, e o vice-presidente Jean-Pierre Bemba. Na primeira rodada das eleições, no dia 30 de julho, Kabila obteve 44,81% dos votos e Bemba, 20,03%.

As horas que precedem à votação têm sido marcadas por um aumento da tensão. Nesta sexta-feira, houve um tiroteio no norte do país envolvendo a comitiva de um importante aliado de Kabila, François Joseph Mobutu Nzanga.

Nzanga, ex-candidato presidencial e filho do ditador Mobutu Sese Seko, já falecido, foi resgatado na sexta-feira por forças da ONU depois que houve o tiroteio no lado de fora da sede de uma emissora na qual se encontrava, na cidade de Gbadolite.

Quatro pessoas morreram durante a troca de tiros entre os integrantes da segurança de Nzanga e os militantes a serviço de Bemba. Embora Nzanga e Bemba sejam cunhados, o ex-candidato decidiu apoiar Kabila no segundo turno.

Com as eleições de amanhã, a República Democrática do Congo (ex-Zaire) pretende superar uma história marcada pela ditadura de 32 anos liderada por Mobutu e a guerra que terminou no final de 2002 e que causou a morte de três milhões de pessoas, fundamentalmente pela fome e doenças geradas em decorrência dos conflitos.

A campanha eleitoral foi encerrada nesta sexta-feira com o cancelamento de um comício que havia sido programado por Bemba na capital do país. Segundo o dirigente político, o ato foi cancelado para evitar "provocações" do grupo rival.

A capital Kinshasa e as principais cidades do país serviram de palco para ruidosas caravanas de militantes de Kabila e Bemba, que também protagonizaram incidentes que terminaram com alguns feridos.

O general Dieudonné Banza, chefe da Guarda Republicana do país, partidário de Kabila, disse hoje que todos os seus soldados estão aquartelados, de acordo com um compromisso assinado entre representantes de Kabila e de Bemba no último dia 23 de setembro.

A segurança está sob responsabilidade da missão da ONU neste país, a maior do mundo com 17 mil efetivos.

A organização da eleição foi um verdadeiro desafio. O país é o terceiro maior da África, com 2,34 milhões de quilômetros quadrados, mas tem apenas dois mil quilômetros de estradas asfaltadas.

Em declarações publicadas hoje por um jornal da capital, Kabila pediu que sejam evitados os conflitos que marcaram o primeiro turno, quando dezenas de pessoas morreram ou ficaram feridas.

"Viemos de longe, muito longe (...) O país não pode ficar obscurecido pelo caos e pela confusão", afirmou Kabila. "O presidente - acrescentou - continuará garantindo a calma atual. Mas, a cada provocação haverá uma resposta".

O governante, de 35 anos, que assumiu o poder após o assassinato de seu pai, Laurent Kabila, prometeu que depois da votação se reunirá com Bemba para pedir calma à população, "e sobretudo aos militantes dos partidos".

A princípio, acreditava-se que as alianças políticas obtidas por Kabila desde a primeira rodada lhe garantiriam a vitória.

Segundo uma pesquisa divulgada hoje pelo site "digitalcongo.net", ligado ao Governo, Kabila tem o apoio de 61,18% dos congoleses, enquanto Bemba conta com 33,82%.

O presidente mostrou-se convencido de que ganhará, mas Bemba disse estar certo de que amanhã haverá surpresas, porque, segundo afirmou, "o segundo turno não é uma questão aritmética". "As contas são zeradas", disse o líder político em entrevista à rede "Radio France International".

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