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O comissário da Scotland Yard, Ian Blair: pressões referentes a casos polêmicos e muitos pedidos de afastamento pesaram contra ele | Lewis Whyld/AFP
O comissário da Scotland Yard, Ian Blair: pressões referentes a casos polêmicos e muitos pedidos de afastamento pesaram contra ele| Foto: Lewis Whyld/AFP

Londres - O chefe da Scotland Yard, Ian Blair, fortemente criticado pelo erro na morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, em julho de 2005, apresentou ontem a sua carta de demissão. A renúncia aconteceu no dia em que jornais britânicos publicaram reportagens em que acusam Blair de beneficiar um amigo seu com contratos da polícia. Apesar das denúncias, ele afirmou que não renunciou "por causa de nenhuma falha" sua, mas pensando "no interesse do povo de Londres e da Polícia Metropolitana".

Ele disse que deixou o cargo por não contar com o apoio do prefeito de Londres, Boris Johnson, que tomou posse em maio deste ano.

"Durante uma reunião, o novo prefeito deixou claro para mim, de uma forma agradável, mas determinada, que desejava uma mudança à frente da polícia", disse Blair. "Sem o apoio do prefeito, não considero que eu possa ficar no cargo."

Blair, cujo mandato terminaria em fevereiro de 2010, vai deixar o cargo no dia 1º de dezembro.

Desde a morte de Jean Charles, no dia 22 de julho de 2005, o chefe da Scotland Yard vinha sofrendo pressão de diversos setores da sociedade para deixar o cargo. O brasileiro, que tinha 27 anos, foi morto por policiais com 11 tiros, na estação de metrô de Stockwell, depois de ser confundido com um terrorista.

Pressões

Em seu pronunciamento, Blair não mencionou o caso Jean Charles ou outras acusações.

"Não sairei por causa de falhas em meu serviço nem porque as pressões relacionadas a este posto ou a outras várias histórias que o cercam se tornaram insuportáveis", afirmou Blair.

Ele também sofria pressão por outros casos. Em agosto, um dos mais altos oficiais da Polícia Metropolitana, Tarique Ghaffur, britânico de origem asiática, entrou com um processo contra Blair, acusando-o de racismo.

Ghaffur, de origem paquistanesa, lançou essas acusações durante alguns meses, antes de processar Blair, no final de agosto. No dia 9 de setembro, Tarique Ghaffur foi "provisoriamente afastado" de suas funções por suas declarações públicas sobre discriminação terem sido consideradas prejudiciais à "eficácia operacional" da polícia, explicou Blair.

O anúncio da renúncia é feito apenas dez dias após o início de mais uma investigação sobre a morte do eletricista Jean Charles. Apesar de a nova investigação não ter caráter criminal, seu resultado pode dar uma nova versão para o caso.

A morte de Jean Charles já foi alvo de quatro investigações e um julgamento criminal. A Scotland Yard foi considerada culpada apenas por violar normas de procedimento, colocando a segurança pública em risco, mas não foi culpada pela morte do brasileiro.

A Justiça britânica condenou a polícia a pagar uma multa simbólica de 175 mil libras (cerca de R$ 630 mil) e 375 mil libras (cerca de R$ 1,4 milhão) pelas custas do processo.

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