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Oficiais eleitorais contam os votos da eleição parlamentar em Malmo, na Suécia, em 11 de setembro de 2018 | JOHAN NILSSON/AFP
Oficiais eleitorais contam os votos da eleição parlamentar em Malmo, na Suécia, em 11 de setembro de 2018| Foto: JOHAN NILSSON/AFP

Eleitores suecos foram às urnas no domingo (9) em meio a um cenário de preocupação com a imigração e o aumento do crime.

O bloco de centro-esquerda, liderado pelos social-democratas do primeiro-ministro Stefan Lofven, obteve 40,6% dos votos. A aliança de centro-direita, liderada pelo Partido Moderado, ficou em segundo lugar, com 40,3%, enquanto os populistas Democratas Suecos obtiveram 17,6% dos votos.  

Isso deixa tanto o bloco de centro-esquerda quanto a aliança de centro-direita sem os necessários 175 assentos necessários para formar a maioria. O bloco de centro-esquerda terá 144 cadeiras, enquanto a aliança de centro-direita terá 142. Os democratas suecos provavelmente terão 63. 

A provável perda de 13 assentos para os social-democratas revela uma forte repreensão a Lofven, que ocupa o cargo desde outubro de 2014, liderando um governo de coalizão com o Partido Verde. 

Os social-democratas dominaram a política sueca nos últimos 100 anos, tendo chegado em primeiro lugar em todas as eleições nacionais desde 1917. Agora, as preocupações com a imigração e o crime indicam que esse reinado está próximo do fim.  

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A Suécia sofreu grandes mudanças desde a última eleição parlamentar de 2014. Fortemente impactada pela crise migratória, a Suécia recebeu, desde 2015, mais migrantes per capita do que qualquer país da Europa, incluindo 163.000 somente em 2015. 

Política de imigração

Lofven defendeu desde o início a política aberta em relação aos migrantes. Em setembro de 2015, falando em um comício pró-imigrante, ele disse: “Precisamos decidir agora que tipo de Europa seremos. A minha Europa recebe refugiados. Minha Europa não constrói muros”. 

Mas, em novembro de 2015, o governo havia começado a mudar de rumo, com Lofven dizendo: "Precisamos de trégua". Naquele mesmo mês, a Suécia reintroduziu controles temporários nas fronteiras e, em maio passado, acabou estendendo-os por mais seis meses. 

O fluxo maciço de migrantes veio com um aumento nos ataques terroristas e no crime. Em abril de 2017, um homem que teve o pedido de asilo rejeitado, rejeitado realizou um ataque de caminhões contra pedestres, matando cinco pessoas e ferindo quase uma dúzia. A Suécia tem enfrentado uma crescente violência de gangues, o que contribuiu para um aumento dramático nos ataques de granadas desde 2014. 

Crimes 

Até hoje, as notícias na Suécia contam histórias de aumento do crime. Em agosto, 80 carros foram queimados em um ataque coordenado na cidade de Gotemburgo. Três em cada quatro suecos dizem que o crime aumentou nos últimos três anos. 

Os dados confirmam isso. De acordo com o Conselho Nacional de Prevenção do Crime da Suécia, 2017 registrou 4.010 crimes a mais do que em 2016. Embora a Suécia tenha visto uma diminuição em alguns crimes como roubo, outros crimes – incluindo agressões sexuais – aumentaram significativamente durante o mesmo período. Os estupros aumentaram 10% só em 2017.  

Há também uma enorme lacuna de emprego entre os suecos nativos e imigrantes não europeus. Embora a taxa de desemprego seja de 6,9%, ela é de 16% entre os estrangeiros, 23% entre os estrangeiros não-europeus e apenas 4% entre os suecos nativos. 

Democratas suecos

Os democratas populistas fizeram campanha intensamente baseada em questões de crime e imigração. Essas questões claramente repercutiram no público, com os democratas suecos conquistando 14 assentos a mais no parlamento, em relação às eleições de 2014.

Mas a campanha não foi sem controvérsia. Pouco antes da eleição, o Partido Moderado – principal partido de oposição e de centro-direita que – apresentou uma queixa sobre as postagens nas mídias sociais de vários candidatos social-democratas, muitos dos quais posteriormente renunciaram ou foram suspensos. 

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As mensagens acusavam falsamente o Partido Moderado e os Democratas da Suécia de "acusar pais muçulmanos de crimes a fim de tirarem seus filhos [deles]" e planejar "remover a cidadania de qualquer pessoa que tenha chegado ao país depois de 1970".  

Outras questões, que contribuíram para a eleição incluíram preocupações sobre os tempos de espera no atendimento de saúde e o desempenho educacional médio no país nórdico. 

Os democratas suecos agora assumem uma posição de influência. No entanto, antes da eleição, todos os outros partidos declararam que não formariam uma coalizão com os democratas suecos, já que alguns membros fundadores do partido populista tinham raízes no neonazismo. Portanto, os parâmetros de uma futura coalizão governamental não são claros. 

A BBC informou que o atual líder dos Democratas da Suécia, Jimmie Åkesson, “tornou-se líder em 2005 e buscou tolerância zero em relação ao racismo no partido. Vários membros foram expulsos”. 

Resultados

A ascensão dos democratas suecos de 12,9% nas eleições parlamentares, de 2014 para 17,6% em 2018, e o declínio dos social-democratas podem ser atribuídos em grande parte à forma como o governo Lofven lidou com a crise migratória, ao lado das preocupações de que o estado de bem-estar sueco não pode lidar com os custos. Os resultados de domingo foram os piores para os social-democratas em um século. 

Além disso, atores externos também influenciaram a eleição. Em janeiro, Anders Thornberg, que lidera o Serviço de Segurança Sueco (Sapo), afirmou em uma entrevista que a Rússia representava a maior ameaça de interferência política estrangeira.

Um relatório da Agência de Pesquisa de Defesa da Suécia, publicado em agosto, encontrou uma duplicação de contas falsas no Twitter de julho a agosto. Alguns bots expressaram apoio a partidos de extrema-esquerda, mas a pesquisa descobriu que contas falsas eram 40% mais prováveis do que as genuínas em expressar apoio aos democratas suecos. 

Uma explicação para o interesse russo pode ser que os democratas suecos continuam a se opor à adesão da Suécia à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), enquanto os partidos de centro-direita estão unidos em favor da adesão. 

Seja qual for o partido que forme o próximo governo da Suécia, os impactos da eleição de 2018 – criados por uma corrente de descontentamento público – certamente terão um impacto duradouro na política sueca.

*Daniel Kochis é analista de política para assuntos europeus no Margaret Thatcher Center for Freedom, da The Heritage Foundation.

©2018 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.
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