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O presidente da Colômbia, Iván Duque, durante o anúncio do envio de dois batalhões do Exército para restabelecer a ordem no departamento de Arauca
O presidente da Colômbia, Iván Duque, durante o anúncio do envio de dois batalhões do Exército para restabelecer a ordem no departamento de Arauca| Foto: EFE/Presidência da Colômbia

O ano de 2022 começou violento na fronteira entre Colômbia e Venezuela, com o aumento da tensão entre grupos que já se enfrentaram intensamente na década retrasada.

No fim de semana, pelo menos 24 pessoas morreram em confrontos entre dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) em municípios do departamento colombiano de Arauca, na fronteira com a Venezuela.

Juan Carlos Villate, procurador de Justiça da cidade de Tame, afirmou em entrevista à W Radio que entre os mortos estavam comandantes intermediários dos dissidentes das Farc, outros do ELN e “simpatizantes, milicianos ou civis que foram apontados como militantes ou líderes políticos de uma organização declarada como alvo militar”.

Villate acrescentou que a escalada da violência se deve a um conflito entre o ELN e a 10ª frente dos dissidentes das Farc, “que declararam guerra abertamente”. “Tudo começou com operações do ELN nos centros populosos, detendo pessoas, assassinando algumas delas, e os corpos foram aparecendo aos poucos”, disse o procurador.

De acordo com o jornal El Colombiano, o estopim da onda de violência em Arauca foi o assassinato do vice-líder de uma frente do ELN, Álvaro Padilla Tarazona, conhecido como Mazamorro, ocorrido na Venezuela no final do ano passado.

Ele teria sido morto por integrantes da 10ª frente dos dissidentes das Farc, que respondem a Gentil Duarte, chefe do chamado Bloco do Sudeste e que estaria por trás das mortes de dois líderes das dissidências, Darío Velázquez, conhecido como El Paisa, e Henry Castellanos, o Romaña, também executados na Venezuela.

Ainda segundo o El Colombiano, a morte de Mazamorro teria levado a um rompimento da aliança entre os dissidentes das Farc e o ELN e a uma disputa sangrenta pelo controle da fronteira Colômbia-Venezuela e das rotas do narcotráfico em território venezuelano.

Com a morte de outro comandante do ELN, apelidado de Carramán, o grupo guerrilheiro interrompeu a travessia do rio Arauca, que divide os dois países. O governo colombiano enviou dois batalhões do Exército para restabelecer a ordem na região.

Entre 2006 e 2010, as Farc e o ELN estiveram em conflito em Arauca e no estado venezuelano de Apure, confronto que, segundo relatório da Human Rights Watch, matou pelo menos 868 civis e deslocou mais de 58 mil pessoas de suas casas no departamento colombiano (quase 25% da população da região à época).

Em 2010, os dois grupos estabeleceram um cessar-fogo, que foi mantido com as dissidências depois que as Farc assinaram um acordo de paz com o governo da Colômbia, em 2016, e agora foi rompido.

Um complicador é a proteção aos dissidentes das Farc e guerrilheiros do ELN por parte de Caracas, acusação refutada pelo ditador Nicolás Maduro e reafirmada na segunda-feira (3) pelo presidente da Colômbia, Iván Duque. “Como todos sabem, esses grupos operam livremente em território venezuelano com o consentimento e proteção do regime ditatorial”, declarou.

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, respondeu no Twitter chamando Duque de “pior presidente da Colômbia”. “Quem é o culpado pelos males da Colômbia? Continuar apontando para a Venezuela pela violência centenária gestada em suas entranhas nunca vai tirar-lhes a culpa, até que a situação mude e a oligarquia colombiana seja substituída por um governo de compromisso social”, criticou.

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