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O porta-voz de “Baby Doc”, Henry Robert Sterlin, fala com a imprensa na frente do hotel onde o ex-ditador está hospedado: coletiva de ontem foi cancelada | Hector Retamal/AFP
O porta-voz de “Baby Doc”, Henry Robert Sterlin, fala com a imprensa na frente do hotel onde o ex-ditador está hospedado: coletiva de ontem foi cancelada| Foto: Hector Retamal/AFP

História

Ex-ditador comandou país com mão de ferro

Jean-Claude Duvalier, o "Baby Doc", chegou ao poder em 1971, aos 19 anos, quando seu pai morreu. Ele controlou o país miserável com mão de ferro, proibindo a oposição, reprimindo dissidentes e desviando dinheiro público para fins privados.

Duvalier ficou no poder durante 15 anos, até um levante popular em 1986, quando forças pela democracia tomaram as ruas. Os Estados Unidos pediram que ele deixasse o poder e ele saiu do país em um avião da Força Aérea norte-americana. Posteriormente, recebeu permissão para viver exilado na França, onde reside na costa do Mediterrâneo.

Existem sinais de que "Baby Doc" pode estar enfrentando problemas financeiros. Os parlamentares suíços aprovaram, em setembro de 2010, um projeto de lei que tornará mais fácil para o governo haitiano recuperar dinheiro depositado nos bancos suíços pelo ex-ditador. A agência de notícias SDA reportou que o governo do Haiti receberá cerca de US$ 7 milhões recuperados da família Duvalier."Sob a Presidência de Duvalier e seus [milicianos], milhares foram mortos e torturados, e centenas de milhares de haitianos fugiram para o exílio. Já passou do tempo de ele ser responsabilizado", disse José Miguel Vivanco, diretor para as Américas da Human Rights Watch.

Porto Príncipe - De volta a Porto Príncipe após 25 anos de exílio na França, o ex-ditador do Haiti Jean Claude Duvalier, o "Baby Doc’’, se transformou em mais um ator da crise política do país e provocou uma onda de duras críticas de ONGs e ex-perseguidos políticos que cobram que ele seja julgado pe­­los crimes de seu governo (1971-1986). "Vinte e cinco anos de um cô­­modo exílio são suficientes pa­­ra esquecer os horrores, o sofrimento, a injustiça, o custo econômico e humano de décadas de ditadura?’’, questionou Micha­­ëlle Jean, enviada da Unesco ao Haiti.

Jean fez carreira no Canadá, para onde a família migrou quan­­do ela tinha 11 anos por causa da perseguição do regime Duvalier.

O inesperado regresso de "Baby Doc’’, de 59 anos, no do­­mingo, também foi criticado pe­­las ONGs Human Rights Watch e Anistia Internacional, que exigiram que ele seja julgado por su­­postos crimes de lesa humanidade e o desvio de estimados US$ 100 milhões.

Duvalier cancelou conversa com jornalistas marcada para ontem, mas recebeu antigos se­­guidores no hotel de luxo Karibe. Legalmente, Duvalier não tem impedimentos para voltar ao Haiti. Tampouco responde a ações na Justiça. Seu retorno era considerado uma ameaça à estabilidade do país na avaliação dos EUA em 2006, às vésperas das eleições presidenciais, segundo documentos vazados pelo site Wiki­­Leaks.

Opositores do presidente Re­­né Préval acusavam o governo de promover a volta de Duvalier pa­­ra "turvar’’ ainda mais a situação política no país e provocar a ex­­tensão do mandato do presidente. Ex-ativista que lutou contra a ditadura, Préval não fez comentários sobre a volta do ex-ditador. O Haiti teve o primeiro turno das eleições presidenciais no final do ano passado, com denúncias de fraudes. O segundo turno, que deveria ocorrer em 16 de janeiro, foi cancelado.

Préval recebeu ontem Jo­­sé Miguel Insulza, o secretário-geral da OEA, para falar sobre a crise política. Para o embaixador do Brasil no Hai­­ti, Igor Kipman, o "timing mui­­to curioso" de "Ba­­by Doc" o con­­verte auto­­ma­­ticamente em um "ator" da crise.

"Ele é um haitiano e como tal é livre para voltar para ca­­sa", disse o primeiro-ministro Jean-Max Bellerive. Questio­­nado sobre a possibilidade de "Baby Doc" desestabilizar o país, Bellerive disse que "até agora, não existem motivos para acreditar nisso"

Retorno

Segundo uma fonte diplomática francesa em Porto Prín­­cipe, Duvalier tem uma passagem de volta para a França marcada para quinta-feira, dia 20 de janeiro.

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