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Gates disputa partida de tênis de mesa numa confraternização | Rick Wilking/Reuters
Gates disputa partida de tênis de mesa numa confraternização| Foto: Rick Wilking/Reuters

Objetivo dos ricaços é fazer a diferença enquanto vivo. De acordo com o Centro sobre Riqueza e Filantropia do Boston College, no pouco mais de meio século entre 2007 e 2061, os EUA observarão a maior transferência de riquezas acumuladas pelas famílias em toda a história do país, com estimados US$ 59 trilhões trocando de mãos.

Celebridades

Campanha conseguiu a adesão de ao menos 127 abastados dos EUA

Agência O Globo

Nos últimos quatro anos, 127 superabastados norte-americanos já aderiram à Giving Pledge, sendo o último Mark Zuckerberg, fundador do Facebook. Seis deles integram a lista dos dez empreendedores mais ricos dos EUA. A relação cobre famosos, como o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, o dono da CNN, Ted Turner, o produtor de Hollywood George Lucas e o roqueiro Gene Simmons; donos de impérios varejistas como Bernard Marcus, do Home Depot; e desbravadores da nova economia, como Larry Ellison, da Oracle, e Pierre Omidyar, do eBay.

Fatores

Para analistas, o fenômeno resulta de uma conjunção de fatores. Em comum, esses ricaços têm uma trajetória empreendedora, de quem veio de baixo e amealhou fortuna com suor próprio, os chamados "self-made men" (homens que se fizeram sozinhos, em inglês). Eles valorizam a educação, a boa moradia, a saúde e a rede de contatos que propiciaram aos filhos, oportunidades únicas para uma trajetória de sucesso.

Fundador do Duty Free Shoppers Group, das lojas nos aeroportos, Chuck Feeney foi um dos maiores bilionários do planeta nos anos 1980. Mesmo assim, obrigou os filhos a economizarem mesada, arranjarem atividade remunerada nas férias e trabalharem para ajudar a pagar a faculdade. No fim daquela década, Feeney, hoje com 83 anos, doou 99% de sua fortuna ? US$ 7,5 bilhões ? à instituição filantrópica Atlantic, que criou. Hoje, ele dispõe de US$ 2 milhões no banco, não tem casa nem carro próprios e usa um relógio Casio de US$ 15. Trinta anos atrás, Feeney era um excêntrico. Em 2014, é um pioneiro. Como ele, uma lista crescente de ricaços norte-americanos tomou a decisão de doar parte ou toda sua fortuna a projetos de caridade e fundações sociais, de pesquisa e de educação, nos EUA e no exterior, rompendo com a tradição que gerou famílias ícones, como os Vanderbilt e os Rockfeller, e avisando aos filhos para investirem numa profissão que não seja a de herdeiro.

"Simplesmente me pareceu lógico dar um bom destino ao meu dinheiro em vez de colocá-lo numa conta bancária e deixá-lo acumular e acumular", disse Feeney há alguns anos. "Quero que meu último cheque seja recusado por falta de fundos."

Bill Gates, fundador da gigante Microsoft, e a mulher, Melinda, seguem os passos de Feeney. Dedicados à filantropia, com patrimônio superior a US$ 80 bilhões, criaram uma fundação que leva o nome do casal e à qual já transferiram US$ 37 bilhões. Os Gates se consideram "abençoados com uma boa sorte muito acima de suas expectativas" e sentem "grande responsabilidade" no uso do que acumularam. Por isso, seus três filhos, além do acesso à educação de qualidade e às oportunidades únicas de quem nasceu em berço de ouro, têm garantidos apenas fundos de US$ 10 milhões para uso próprio.

Bill e Melinda são criadores — ao lado do papa dos mercados financeiros Warren Buffett (que tem mais de US$ 60 bilhões no cofre) — da campanha Giving Pledge, de 2010. É um compromisso público dos bilionários com a doação de ao menos metade de suas fortunas à caridade, em vida ou após a morte. Buffett, que completa 84 anos no fim do mês, já começou a transferir 99% do seu patrimônio.

Percalços marcaram os Vanderbilt

A dilapidação do patrimônio por filhos mimados, destruindo seu legado, é uma preocupação velada dos ricaços.

A fortuna acumulada pelos Vanderbilt com ferrovias e companhias de navegação, por exemplo, foi arrasada na terceira geração, sobrando às duas bisnetas fundos de US$ 5 milhões.

Uma delas, Gloria Vander-bilt, deixou claro ao filho, o jornalista Anderson Cooper, que ele não receberá herança nenhuma.

Cooper é hoje âncora do horário nobre da CNN, ganhando US$ 11 milhões por ano. "Se eu tivesse sentido que havia um ponte de ouro me esperando, não sei se teria sido uma pessoa tão motivada", diz Cooper.

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