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Apoiadores do candidato Mohamed Morsy, da Irmandade Muçulmana, carregam cartaz  com a imagem rasurada do rival Ahmed Shafik, no Cairo | Asmaa Waguih/Reuters
Apoiadores do candidato Mohamed Morsy, da Irmandade Muçulmana, carregam cartaz com a imagem rasurada do rival Ahmed Shafik, no Cairo| Foto: Asmaa Waguih/Reuters

A passagem agonizante de revolução para democracia no Egito estava em um limbo nesta segunda-feira (18), quando a Irmandade Muçulmana alegava vitória em uma eleição presidencial, enquanto os generais que assumiram com a queda de Hosni Mubarak decretavam que eles é que manteriam o poder por enquanto. Isso atraiu a forte censura de Washington, o patrocinador financeiro das forças armadas egípcias. O Pentágono disse estar "muito preocupado" e pediu que o Exército entregasse "poder total" para os civis - mas não mencionou uma ação norte-americana se isso não acontecesse. O ex-general que disputava contra Mohammed Mursi, da Irmandade, desprezou o triunfo autodeclarado do islamista como uma tentativa de "sequestrar" a eleição. Ahmed Shafik, o último primeiro-ministro de Mubarak, disse que seus números mostravam que ele é quem estava na frente. Após um dia de contagem, não havia uma palavra oficial sobre o segundo turno e supervisores eleitorais advertiram que poderiam não publicar um resultado até quinta-feira - prolongando o que para muitos egípcios se tornou um impasse desgastante entre um passado militar e o futuro religioso. O lado de Shafik insistia que ele liderava por dois a quatro pontos, mas mesmo fontes no Exército, que lutou contra a Irmandade ao longo de seis décadas de governo militar, indicavam que estavam se preparando para aceitar que Mursi ganhou a primeira eleição presidencial livre do Egito. Seja quem for que surgir como presidente - e uma autoridade eleitoral endossou privadamente a reivindicação de Mursi de liderar a votação por 52 por cento a 48 por cento, com a maior parte dos votos apurados -, vai descobrir seus poderes bem limitados por um decreto emitido pelo conselho militar do marechal Hussein Tantawi quando as urnas fecharam, no domingo. Tendo na semana passada dissolvido o Parlamento, que foi eleito em janeiro com uma maioria islamista, o Conselho Supremo das Forças Armadas (SCAF, em inglês) disse que agora iria retomar os poderes legislativos da assembleia e que também poderia intervir para romper um impasse no esboço de uma nova Constituição. Golpe militar Tantawi, o ministro da Defesa de Mubarak por 20 anos, prometeu aos egípcios que entregaria o poder aos civis até 1o de julho. Essa promessa, apoiada pelos Estados Unidos, seria cumprida, disse o conselho, com a apresentação de um novo presidente civil até 30 de junho. No entanto, ele será um presidente que apenas poderá nomear um governo cujas leis terão que ser endossadas pelo SCAF. Um cronograma estabelecido para escrever uma Constituição, aprová-la por referendo e então eleger um Parlamento poderia deixar Tantawi no cargo até 2013. No Pentágono, um porta-voz disse: "Estamos muito preocupados com as novas emendas à declaração de Constituição, inclusive o cronograma do anúncio feito quando as urnas estavam fechando... Apoiamos o povo egípcio em sua espera que (o SCAF) vai transferir o poder total ao governo civil democraticamente eleito, como o SCAF anunciara previamente".

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