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Pai e filho rohingyas em Bangladesh: aproximadamente 1 milhão de sobreviventes da minoria birmanesa vivem em campos de refugiados no país
Pai e filho rohingyas em Bangladesh: aproximadamente 1 milhão de sobreviventes da minoria birmanesa vivem em campos de refugiados no país| Foto: EFE/EPA/AZIM AUNON

Advogados no Reino Unido e nos Estados Unidos ingressaram na segunda-feira (6) com ações contra o Facebook, alegando que a gigante de mídia social colaborou para o genocídio perpetrado pelo regime de Mianmar e por civis extremistas contra os rohingyas, uma minoria muçulmana do estado de Raquine. O valor total reivindicado para os sobreviventes é de mais de 150 bilhões de libras (mais de R$ 1 trilhão).

Descrita como “genocídio” e “limpeza étnica” pelas Nações Unidas, a repressão contra os rohingyas em Mianmar, onde o regime não os considera cidadãos e não os reconhece como um dos grupos étnicos do país, resultou apenas em 2017 em mais de 10 mil mortes, além de mais de 150 mil pessoas que sofreram violência física, alegaram os advogados no comunicado em que informaram sobre a abertura dos processos. Aproximadamente 1 milhão de sobreviventes vivem atualmente em campos de refugiados em Bangladesh.

Os autores da ação alegaram uma série de ações e falhas do Facebook que contribuíram para essa violência: uso de algoritmos que amplificaram o discurso de ódio contra os rohingyas na plataforma; não investiu o suficiente na contração de moderadores de conteúdo que falavam birmanês ou rohingya ou verificadores de fatos locais com uma compreensão da situação política em Mianmar; não removeu postagens específicas que incitavam à violência ou continham discurso de ódio contra a minoria; e não fechou contas, grupos ou páginas específicos que difundiam esse conteúdo nocivo.

Segundo os advogados, o Facebook não tomou as medidas mesmo tendo sido avisado a partir de 2013 sobre postagens, grupos e contas contra os rohingyas, e até hoje seu algoritmo de recomendação convidaria usuários a “curtir” páginas com propaganda pró-militar que viola as regras da plataforma, além de permitir que agentes do regime militar de Mianmar ainda continuem usando a mídia social.

No comunicado divulgado pelos advogados dos sobreviventes, Tun Khin, presidente de uma organização que representa os rohingyas no Reino Unido, cobrou a responsabilização do Facebook – que mudou recentemente seu nome corporativo para Meta, sendo que o nome Facebook passou a designar apenas a plataforma de mídia social.

“Esta poderosa empresa global deve ser responsabilizada por ter permitido a propagação de odiosa propaganda anti-rohingya que levou diretamente a indescritível violência. O Facebook deu as costas enquanto um genocídio estava sendo perpetrado - colocando o lucro antes dos direitos humanos do povo rohingya”, criticou.

O porta-voz da Meta, Andy Stone, afirmou em um comunicado que a empresa está “horrorizada com os crimes cometidos contra o povo rohingya em Mianmar” e que continua a investir em “tecnologia em língua birmanesa para reduzir a prevalência de conteúdo violento”.

Em 2018, Alex Warofka, gerente de política de produto do Facebook, divulgou que uma avaliação independente sobre o impacto da plataforma em questões de direitos humanos em Mianmar apontou que a big tech falhou.

“O relatório conclui que, antes deste ano, não estávamos fazendo o suficiente para ajudar a evitar que nossa plataforma fosse usada para fomentar a divisão e incitar a violência offline. Concordamos que podemos e devemos fazer mais”, reconheceu.

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