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O primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, formou um novo governo nesta quarta-feira, horas antes de tomar posse formalmente e encerrar cinco semanas de vácuo político no país.

Prodi, que recebeu na terça-feira o mandato para governar, apresentou seu gabinete ao presidente Giorgio Napolitano depois de prolongadas negociações com seus parceiros da centro-esquerda sobre a distribuição dos ministérios.

Prodi e seu governo devem tomar posse às 16h30m (horário local), afirmou o gabinete de Napolitano.

A centro-esquerda venceu as eleições dos dias 9 e 10 de abril com uma vantagem bastante pequena de votos, derrotando a centro-direita comandada por Silvio Berlusconi, que está no governo há cinco anos.

Dez anos depois de ter começado seu primeiro mandato como líder italiano, Prodi nomeou o ex-membro da diretoria do Banco Central Europeu Tommaso Padoa-Schioppa para ser o próximo ministro da Economia do país, com a missão de retomar o crescimento econômico e limitar as dívidas públicas.

Massimo D'Alema, membro do maior partido da coalizão de Prodi, ficou com o cargo de ministro das Relações Exteriores e dividirá o papel de vice-premier com Francesco Rutelli, líder do Partido Margherita (Margarida).

O ex-premier Giuliano Amato chefiará o Ministério do Interior. Seis mulheres, um número menor do que o prometido por Prodi, também participam do novo governo.

O futuro dirigente gastou a maior parte da manhã desta quarta-feira fazendo os últimos acertos em sua equipe, após as negociações realizadas até a madrugada com seus aliados, que disputam os cargos desde que a coalizão deles, a União, venceu a eleição mais disputada do pós-guerra italiano.

'Nem todos estão felizes'

As disputas internas trouxeram à tona os problemas a serem enfrentados por Prodi ao governar com uma maioria apertada no Parlamento. A base de sustentação dele reúne de católicos moderados a comunistas.

- Estamos satisfeitos. Talvez nem todos estejam felizes, mas a felicidade não é algo deste mundo - afirmou Prodi pouco antes de anunciar a formação de sua equipe de governo. O gabinete dele precisa começar a trabalhar rapidamente, pois as instituições de avaliação de risco ameaçaram baixar a nota da dívida pública do país se a nova liderança não adotar, em breve, reformas consideradas impopulares, mas há muito necessárias.

O premier Silvio Berlusconi, em final de mandato, prometeu liderar uma oposição acirrada ao novo governo. E analistas afirmam que Prodi terá dificuldades para aprovar reformas profundas.

Sob a manchete "Mais para a esquerda que para o centro", o principal jornal da Itália, "Corriere della Sera", afirmou que as disputas por cargos no governo haviam feito a balança da nova liderança se afastar de suas raízes centristas.

"Nasceu um governo que pende para a esquerda ainda mais do que o esperado por grande parte dos que votaram nele e mais do que seria a orientação natural da coalizão", escreveu a publicação.

A caminhada de Prodi rumo ao poder após o pleito nacional provou ser dolorosamente lenta, em parte devido à necessidade de escolher um novo chefe de Estado, já que o mandato do antigo ocupante do cargo terminou pouco depois das eleições.

O futuro primeiro-ministro precisa ainda conquistar um voto de confiança no Senado, o que deve acontecer provavelmente na sexta-feira, e outro voto na Câmara dos Deputados, no começo da próxima semana, antes de dar início efetivamente a seu governo.

Ex-chefe da Comissão Européia (Poder Executivo da UE), Prodi se depara com as dúvidas de muitos analistas sobre quanto tempo conseguirá ficar no poder.

A primeira passagem dele pelo comando da Itália terminou depois de dois anos da posse, em 1998, quando os comunistas retiraram seu apoio reclamando que as políticas de então não eram esquerdistas o suficiente.

Em sua última entrevista coletiva como premier, na terça-feira, Berlusconi afirmou não estar dando ao cargo um adeus, mas apenas um "até logo".

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