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Washington – A História parece ter pressa para julgar Donald H. Rumsfeld, que deixa o cargo de secretário da Defesa dos EUA. Ele começou a escrever a própria história bem antes da partida, com uma série de viagens de despedida e reflexões finais cobrindo uma carreira de meio século no serviço público.

Numa expressão de protesto extraordinária, ex-generais afirmaram que ele era um fracasso meses antes de sua permanência no cargo tornar-se insustentável. Então vieram os pedidos para que o presidente George W. Bush mostrasse a porta de saída a um homem que servira a três presidentes, começando por Richard Nixon. Rumsfeld deixou o Pentágono depois de quase seis anos no cargo. Com justiça ou não, ele é o rosto público de uma guerra que deu errado.

Rumsfeld é acusado principalmente de ter impedido o envio de tropas suficientes ao Iraque, de ter negado a probabilidade – e depois a existência – de uma insurgência após a derrubada de Saddam Hussein e de ter dispensado um plano de guerra.

Rumsfeld não estava sozinho num aparato de segurança nacional que não percebeu a ferocidade da insurgência iraquiana que se aproximava e não se preparou para ela. Isso o transforma num bode expiatório?

"Ele foi o principal arquiteto do plano de guerra", afirma o analista militar Michael O’Hanlon, do Instituto Brookings. "Não é um bode expiatório. Merece a culpa que lhe foi atribuída."

Com 74 anos, o obstinado e agressivo Rumsfeld, um ex-aviador da Marinha, foi o mais velho secretário da Defesa da história dos EUA. Ele se tornou o mais jovem da história quando assumiu o cargo pela primeira vez, em 1975. É o único que ocupou o cargo duas vezes. E caiu dez dias antes de se tornar o secretário da Defesa que mais tempo permaneceu no cargo. A distinção pertence a Robert S. McNamara, da era do Vietnã, que deixou o cargo sob a sombra de outra guerra malsucedida.

No auge do poder e da popularidade, Rumsfeld prendia a atenção do público com seus efusivos informes de guerra.

Ele podia ser desdenhoso. "A vida é dura", disse Rumsfeld quando congressistas reclamaram que ele não dava a devida atenção a suas preocupações. Mas ele também se abalou com o sacrifício dos militares – 2.939 dos quais mortos no Iraque desde março de 2003.

Além dos quadros leais abaixo dele e a seu redor, Rumsfeld termina o serviço com poucos defensores. Para quem se opôs à guerra desde o início ou passou a criticá-la, ele é um entre muitos culpados.

Mesmo os que defendem a guerra dizem que decisão da invasão foi acertada, mas que a execução defeituosa por parte de Rumsfeld condenou a empreitada.

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