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Turista tira foto da bandeira da União Soviética em São Petesburgo: sanções podem levar economia russa a padrões soviéticos se não houver mudanças.
Turista tira foto da bandeira da União Soviética em São Petesburgo: sanções podem levar economia russa a padrões soviéticos se não houver mudanças.| Foto: EFE/EPA/ANATOLY MALTSEV

A Rússia reconhece que sua economia deve mudar como resultado das sanções ocidentais sem precedentes em represália à invasão na Ucrânia para evitar retroceder aos tempos da União Soviética. Para isso, o país deve reduzir a dependência das exportações e estimular a iniciativa privada, segundo destacou nesta quinta-feira (16) o Banco Central russo.

"As condições externas mudaram há muito tempo, para não dizer para sempre", disse a presidente do Banco Central da Rússia (BCR), Elvira Nabiulina, em conferência no Fórum Econômico Internacional em São Petersburgo.

"É preciso responder a essas mudanças de forma proativa", salientou Nabiulina, em um momento em que o próprio BC russo prevê para 2022 a pior recessão desde 1994. A previsão de queda do PIB é entre 8% e 10%, embora o Banco Central da Rússia já tenha anunciado que vai rever s previsões para cima em julho.

Para Nabiulina, a economia da Rússia fortemente depende das exportações, principalmente de petróleo e gás, deve ser repensada. "Uma parte importante da produção deve beneficiar o mercado interno", defende a presidente do BC russo, em um cenário no qual a União Europeia concordou em reduzir a dependência do petróleo russo no âmbito das sanções impostas ao país de Vladimir Putin.

Por outro lado, Nabiulina prevê que o fato de o país não ter acesso à tecnologia com as sanções poderá causar uma degradação da economia russa. Problema vivido justamente pela União Soviética em relação ao Ocidente. "Para não voltarmos à URSS em certos aspectos, temos que focar na iniciativa privada. Sem isso, não há espaço para desenvolvimento tecnológico", adverte a presidente do Banco Central.

Modernização

A modernização da economia russa é um dever, enfatiza a presidente do BC. Maxim Oreshkin, assessor do presidente rutin, lembra que no passado a Rússia já teve que depender de si mesma. Só que agora não há perigo de retroceder aos tempos soviéticos.

"Definitivamente. não. A economia da União Soviética era ineficiente de várias maneiras. Era fechada, não competitiva, ineficiente, porque era muito centralizada. Esse não é o caso agora na Rússia e não será o caso. Haverá uma economia mais eficiente, mais flexível, mais propensa a mudanças, mais resistente a pandemias", destaca.

O ministro do Desenvolvimento Econômico da Rússia, Maxim Reshetnikov, argumentou, por sua vez, que as sanções ocidentais forçaram a Rússia a mudar as cadeias de fornecimento e produção. "Precisamos de algum tempo, precisamos desse tempo para ver as mudanças estruturais", comentou.

Já o ministro das Finanças, Anton Siluanov, considerou que a divisão entre o Ocidente e a Rússia "está muito clara" agora, já que a globalização se baseia no princípio "amigo ou inimigo".

Em sua opinião, é óbvio que a Rússia agora precisa de um "novo programa econômico, seu próprio programa de produção e também desenvolver tecnologia-chave, o que é absolutamente necessário".

A falta de tecnologia própria em um ambiente de sanções sem precedentes já teve impacto, por exemplo, nas exportações de gás da Rússia para a Europa.

Tecnologia e gás

Nesta semana, a gigante russa Gazprom alegou problemas com a revisão técnica dos motores de turbina por parte da empresa alemã Siemens para reduzir em quase 60% o fornecimento de gás à Europa pelo gasoduto Nord Stream.

A Alemanha vê, no entanto, intenção política na redução da oferta de gás, além de uma estratégia que visa provocar aumento dos preços, nas palavras do ministro da Economia e Clima do país, Robert Habeck. O que o governo russo nega. "Não há premeditação. É um problema que não tem nada a ver conosco", garantiu hoje o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

O CEO da Gazprom, Alexei Miller, disse nesta quinta-feira que "hoje não há solução para os problemas" do gasoduto, que transporta gás russo para a Alemanha pelo Mar Báltico. Miller explicou quea Siemens tem apenas uma fábrica onde são feitas as revisões técnicas dos motores, a qual opera no Canadá, país que impôs sanções à Rússia. "Agora a Siemens não pode tirar as turbinas daquele país para devolvê-las à Rússia', afirmou.

Além disso, Miller admitiu que as exportações de gás para a Europa caíram nos primeiros cinco meses do ano, mas, ao mesmo tempo, o preço subiu. O preço do gás natural TTF para entrega em julho no mercado holandês está cotado hoje em 118 euros por megawatt hora (MWh).

Nesse contexto, o embaixador da Rússia na União Europeia, Vladimir Chizhov, alertou que problemas técnicos podem forçar a Gazprom a cortar completamente o fornecimento se nenhuma solução for encontrada.

De 1º de janeiro a 15 de junho, as exportações da Gazprom para os países europeus caíram 28,9% em relação ao mesmo período de 2021, para 65,6 bilhões de metros cúbicos.

"Sim, temos uma diminuição no fornecimento de gás para a Europa. Mas os preços aumentaram várias vezes mais. Então, se disser que não estamos ofendidos, não estou fingindo", disse Miller.

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