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Chávez (esquerda) com o premier russo Vladimir Putin, em visita que incluiu  a assinatura de acordos e trocas de elogios | AFP
Chávez (esquerda) com o premier russo Vladimir Putin, em visita que incluiu a assinatura de acordos e trocas de elogios| Foto: AFP

Preocupação

EUA "vigiarão" plano "de perto"

Washington - Os Estados Unidos vigiarão "muito de perto" o acordo de construção, pela Rússia, de uma central nuclear na Venezuela, declarou o porta-voz do departamento de Estado, Philip Crowley. "Isto é algo que vigiaremos muito, muito de perto", declarou Crowley a jornalistas ao ser ouvido sobre a decisão russa de aceitar construir a primeira central nuclear na Venezuela. "Todos os países que assinaram o Tratado de Não Proliferação Nuclear têm direitos e responsabilidades", disse Crowley. "Esperamos da Venezuela, da Rússia ou de qualquer outro país que busque este tipo de tecnologia a assumir seus compromissos internacionais", acrescentou.

Em agosto, a Rússia pôs em funcionamento no Irã uma usina termonuclear construída por sua estatal. Já a Venezuela, que também tem vínculos com o Irã, vêm sendo objeto de críticas e advertências por parte de Washington. No governo de George W. Bush, quando se elaborou uma relação de países que comporiam o "eixo do mal" (Irã, Líbia, Coreia do Norte e Iraque), Chávez várias vezes se declarou parte do grupo.

Crédito: AFP

Caracas - A Rússia fechou acordo para construir na Venezuela o primeiro reator nuclear do país, anunciaram os presidentes Dmitri Med­­vedev e Hugo Chávez em Moscou. Se efetivada, a parceria transformará a petroleira Vene­­zuela no quarto país da América Latina a usar tecnologia nuclear para produzir energia – ao lado de Brasil, Argentina e México.

Em sua 9.ª visita à Rússia desde 1999, Chávez acertou a compra de novos armamentos russos – negócio em que já aplicou US$ 4,4 bilhões desde 2005. Acertou também a venda à gigante estatal russa Rosneft de metade de uma refinaria venezuelana na Ale­­manha. A petroleira russa pagará US$ 1,6 bilhão pelo negócio.

Armamento

O primeiro-ministro russo, Vla­­dimir Putin, anunciou que, "em breve", partirão rumo à Vene­­zue­­la 35 tanques do tipo T-72.

No mês passado, a Rússia aprovou crédito de US$ 2,2 bilhões pa­­ra a compra de 92 desses tanques, mísseis de curto alcance e equipamento de defesa antiaérea.

Não há detalhes sobre custos e características do acordo nuclear bilateral, parte do plano de ex­­pansão global da Rosatom, estatal russa para energia atômica.

O presidente da companhia, Sergei Kiriyenko, disse que a usina termonuclear venezuelana pode ficar pronta "em dez anos, talvez menos".

"Amanhã eles nos atacarão dizendo que vamos criar bombas atômicas, que somos do ‘eixo do mal’. Mas nós vamos usar pacificamente [a energia nuclear]. So­­mos livres, soberanos e ninguém vai nos deter", disse Chá­­vez.

Já Medvedev afirmou que países petroleiros como o seu e o de Chávez têm de se proteger das flu­­tuações do preço do petróleo e de sua escassez no futuro. Fez uma menção velada a possíveis críticas de Washington.

"O presidente [Chávez] me disse que haverá países que terão diferentes tipos de emoções sobre isso, mas eu gostaria de sublinhar que nossas intenções são claras e abertas: queremos que nosso sócio tenha um leque completo de opções em energia", afirmou Medvedev.

Quanto ao tema da mineração, o presidente venezuelano disse que ainda "não estabeleceu nenhum acordo firme, mas vamos caminhando para lá".

O encontro foi pontuado por trocas de elogios, pelo reforço do caráter estratégico da relação – que envolve investimento russo na exploração de petróleo na Venezuela – e pela defesa de um novo equilíbrio geopolítico no mundo. Em sua turnê "ideológica e estratégica", Chávez passará ainda por Bielorrússia e Ucrânia – essa última recentemente realinhada com Moscou –, além de Irã, Síria, Líbia e Portugal.

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Interatividade

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