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Rússia e Geórgia deram início a negociações na quarta-feira a fim de resolver as diferenças em torno das regiões separatistas da Abkházia e da Ossétia do Sul, depois de uma rápida guerra em agosto. Uma autoridade de alto escalão previu que as negociações demorariam anos até serem concluídas.

"Eu prevejo que chegaremos a algum resultado dentro de muitos anos, e isso se começarmos hoje de uma forma construtiva", disse Maksim Grinjia, vice-ministro das Relações Exteriores da Abkházia, uma aliada da Rússia.

"Esse é um processo demorado. E temos de dar início a ele algum dia", afirmou a repórteres.

Uma primeira rodada de negociações, mediada pela União Européia (UE) e por outros organismos internacionais, não conseguiu sair da estaca zero no mês passado por causa de desavenças sobre se os representantes das duas regiões deveriam integrar o processo e, se sim, como isso deveria ocorrer.

Após o final dos cinco dias de guerra, houve casos de disparo de armas de fogo e explosões ao longo da nova fronteira de fato entre a Geórgia e a Ossétia do Sul. Os georgianos e os ossetianos acusaram uns aos outros de alimentar o conflito.

O ministro russo da Defesa, Anatoly Serdyukov, disse na terça-feira que a Geórgia tentava ampliar suas Forças Armadas, o que poderia provocar uma instabilidade ainda maior na região.

MANOBRAS DIPLOMÁTICAS

Uma grande medida de esforços diplomáticos vem sendo necessária para convencer todos os envolvidos a negociarem, e a maioria dos participantes do processo recusou-se a fazer comentários quando esses ingressaram na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) na Europa para o encontro.

O governo russo insiste que os governos da Abkházia e da Ossétia do Sul estejam presentes, ao passo que a Geórgia tenta evitar qualquer atitude que represente um reconhecimento da independência daquelas regiões. E o governo georgiano insiste que representantes ainda leais a ele vindos das duas áreas também participem dos esforços.

Segundo Grinjia, as negociações transcorreriam em grupos de trabalho e não em uma sessão plenária formal. E as autoridades participariam na qualidade de representantes e não de delegações oficiais.

Os EUA, que vêem na Geórgia um aliado na volátil região do Cáucaso, também integram o processo.

O presidente eleito norte-americano, Barack Obama, telefonou para o presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili, na segunda-feira, a fim de confirmar-lhe o apoio dos EUA.

O grupo Anistia Internacional, de defesa dos direitos humanos, calcula que 24 mil georgianos não conseguiram regressar para suas casas na Ossétia do Sul e em áreas próximas. E disse que casos de sequestro e de saques continuam a ocorrer na fronteira.

No auge do conflito, cerca de 200 mil pessoas fugiram de suas casas (a maior parte delas georgianos), afirmou a Anistia em um relatório divulgado nesta semana.

Os mediadores - a UE, a ONU e a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) - esperam instalar um clima de confiança mútua e resolver os problemas mais urgentes, como as condições de vida ruins de alguns dos refugiados e a continuidade dos casos de violência.

A Ossétia do Sul livrou-se do domínio georgiano em 1991-92.

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