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A Rússia reivindicou nesta terça-feira (5) ante a Comissão de Limites da Plataforma Continental das Nações Unidas sua soberania sobre 1,2 milhão de quilômetros quadrados do Ártico. O pedido oficial alegou que anos de pesquisas científicas provam seu direito aos ricos depósitos de minerais que existem sob esse oceano.

O território incluiria o Polo Norte e pode dar a Moscou, segundo estimativas do governo, o acesso a 4,9 bilhões de toneladas de hidrocarbonetos.

O Ártico se converteu em palco de tensões internacionais, com vários estados exigindo sua soberania sobre o fundo do mar, que acredita-se que seja rico em minerais e hidrocarbonetos. As atuais leis internacionais dizem que um país tem privilégios econômicos exclusivos sobre a placa situada em um raio de 200 milhas náuticas ao redor de sua costa.

Na reivindicação da Rússia estão incluídas as cristas de Mendeleyev e de Lomonósov, também reivindicadas por Dinamarca e Canadá. Moscou argumenta que ambas dorsais oceânicas, assim como o Polo Norte, formam parte do continente euroasiático.

Rússia apresentou um pedido semelhante em 2002, mas a ONU rejeitou por falta de apoio científico. Então, desta vez, o governo russo ofereceu novas evidências recolhidas pelos seus navios de investigação, enviando, ainda, um explorador do Ártico bem conhecido, Artur Chilingarov N., para levar um submarino em miniatura para o fundo do mar bem abaixo do Pólo Norte, colher uma amostra de solo e fincar uma bandeira russa feita de titânio lá.

Interesse

O ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, disse que a entrega da petição à ONU tinha caráter prioritário.

O interesse do presidente Vladimir Putin por esta zona aumentou nos últimos anos e o governo russo estabeleceu uma comissão especial para o desenvolvimento deste território. Também enviou paraquedistas e na semana passada anunciou que revisaria sua doutrina de transporte para se concentrar no mar Ártico.

Durante anos ninguém prestou muita atenção aos limites nas altas latitudes do Oceano Ártico, povoado apenas por ursos polares, morsas, focas e ocasionais exploradores.

Mas o aquecimento global está mudando tão rápido, e áreas cada vez mais amplas do Ártico estão ficando sem gelo durante todo ou parte do ano. A Rússia tem projetos de perfuração de petróleo no mar de Kara, uma parte do oceano já sob seu controle, e a Royal Dutch Shell planeja perfurar o norte de Alaska no mar de Chukchi neste verão. Perfuração ainda mais ao norte agora parece plausível.

A Dinamarca apresentou uma reivindicação expandida para as Nações Unidas no ano passado, buscando o controle da atividade econômica em torno do Pólo Norte e afirmando que a área é parte da plataforma continental que se projeta ao norte da Groenlândia, não da Rússia.

As alegações são destinadas a uma parte do Oceano Ártico conhecido como o buraco de rosca, uma área do tamanho do Texas de águas internacionais cercada pelos limites da zona econômica existentes dos países da linha costeira.

Ambientalistas

Grupos de conservação se opuseram a todas as reivindicações, dizendo que iria motivar atividades prejudiciais, como a perfuração de petróleo e pesca.

O Greenpeace divulgou um comunicado nesta terça-feira afirmando que “o derretimento do gelo do Ártico está revelando um novo e vulnerável mar, mas países como a Rússia e a Noruega querem transformá-lo na próxima Arábia Saudita”.

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