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Em uma medida surpreendente, Moscou anunciou nesta segunda-feira que não vai mais entregar armamento nem assinar novos contratos de venda de armas com a Síria,até que a situação no país se estabilize. Enquanto isso, no campo diplomático, Kofi Annan faz nova investida e busca apoio do Irã para acabar com a violência em Damasco.

O vice-presidente do Serviço Federal de Cooperação Técnica e Militar, Vyacheslav Dzirkaln, disse que a Rússia está "preocupada com a situação na Síria" e, por isso, decidiu suspender a venda de armas para o regime de Bashar al-Assad. Há pouco tempo, Moscou assinou um contrato milionário para enviar aviões de guerra para Damasco. Segundo Dzirkaln, a entrega não será feita.

"A Rússia, assim como outros países, está preocupada com a situação na Síria", disse Dzirkaln. "Não vamos mais conversar sobre novos suprimentos de armas."

Desde o início do conflito, a postura russa vem sendo alvo de críticas da comunidade internacional. A venda de armas para o regime Assad é um dos pontos mais controversos da política russa para Síria. Segundo Dzirhaln, a Rússia fornecia peças de reposição e ajudava no consertos de armas vendidas ao Exército sírio.

Annan viaja para Teerã em busca de apoio

Kofi Annan, enviado especial da ONU e da Liga Árabe para Síria, vai ao Irã pedir apoio para solução do conflito sírio, informou a agência iraniana Irna. Nesta segunda-feira, o diplomata se reuniu com o presidente Bashar al-Assad, em um encontro que o próprio Annan classificou de "construtivo e franco".

"Falamos sobre a necessidade de acabar com a violência e como conseguir isto. Nós concordamos sobre uma forma de tratar esta questão e vou compartilhá-la com a oposição armada", disse Annan, logo depois do encontro com Assad.

Após o fracasso de seu primeiro plano de paz para Síria - que incluía um cessar-fogo que deveria ter começado em abril passado, Annan chegou a Damasco com uma nova iniciativa, lançada desta vez pelo Grupo de Ação para Síria - composto por China, Rússia, EUA, França, Reino Unido, Turquia, Liga Árabe, ONU e UE. A nova proposta sugere a formação de um governo de transição com membros da oposição e do regime sírio.

Em entrevista ao jornal francês "Le Monde", Kofi Annan explicou que a participação do Irã - um dos maiores aliados do regime Assad - na solução da crise síria é importante, uma ideia rechaçada por americanos e europeus. O diplomata ainda admitiu o fracasso da comunidade internacional em relação à Síria.

O anúncio de um novo plano de paz acontece no mesmo dia em que a TV síria estatal divulgou que tropas do governo começaram a fazer treinamentos de defesa simulando ataques estrangeiros.

Annan chegou domingo à capital síria e ficou hospedado no mesmo hotel, onde estão os observadores da ONU desde que suspenderam sua missão no país. É a terceira vez que o diplomata visita a Síria desde que assumiu o cargo de enviado especial, em fevereiro passado.

O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal órgão opositor, divulgou nesta manhã um comunicado criticando o encontro entre Annan e Assad. Para os dissidentes, a missão do diplomata é uma ação militar internacional é urgente. O CNS ainda acusou Annan de se reunir com símbolos do regime, após se negar a participar na sexta-feira de uma conferência dos Amigos da Síria, em Paris.

Segundo ativistas, confrontos entre opositores e tropas do regime aconteceram nesta segunda-feira em Aleppo, Deir al-Zor, Homs, Deraa e nos arredores de Damasco. Algumas testemunhas ainda alegam ter ouvido disparos na própria capital.

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