O parlamento da Etiópia aprovou a nomeação da primeira presidente mulher do país, Sahle-Work Zewde, embaixadora veterana da Organização das Nações Unidas (ONU).
O cargo de presidente é cerimonial na Etiópia, sendo que o poder executivo está nas mãos do primeiro-ministro, mas a nomeação é profundamente simbólica e acompanha a remodelação do gabinete, que agora é composto 50% por mulheres.
"Em uma sociedade patriarcal como a nossa, a nomeação de uma mulher como chefe de Estado não só estabelece um padrão para o futuro, mas também normaliza as mulheres como tomadoras de decisão na vida pública", tuitou Fitsum Arega, chefe de gabinete do primeiro-ministro e porta-voz do governo.
Nossas convicções: A valorização da mulher
O Parlamento aceitou a demissão de Mulatu Teshome, que exercia a presidência desde 2013.
Sob o comando do novo jovem primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, que chegou ao poder em abril, houve um turbilhão de reformas no país, incluindo a libertação de prisioneiros políticos, convite para que exilados retornem ao país e reaproximação com a Eritreia, o principal oponente do país, após duas décadas de hostilidades.
Abiy também declarou publicamente a necessidade de promover as mulheres em uma sociedade conservadora que é, em grande parte, patriarcal.
Também é uma mulher que agora comanda uma das pastas mais importantes do governo, o Ministério da Paz, que controla a agência de inteligência e as forças de segurança. Muferiat Kamil, ex-presidente da Câmara, lidera o ministério, que visa combater conflitos étnicos generalizados que aumentaram desde o afrouxamento do controle autoritário.
Leia também: Os direitos de propriedade dos sul-africanos caminham na direção errada
Mas as reformas não livram o governo de críticas. Ele tem sido criticado por não conseguir conter as revoltas étnicas no interior e também por uma campanha de prisões em massa que resultou em milhares de detidos em Addis Ababa, alguns dos quais passaram um período em campos de educação.
Quem é Sahle-Work Zewde
Sahle-Work será primeira mulher chefe de estado na história moderna da Etiópia, embora o país tenha tido imperatrizes que exerciam grande poder.
Ela tem 68 anos e, anteriormente, era representante especial da secretaria-geral das Nações Unidas para a União Africana e, antes disso, chefiava o escritório da organização em Nairóbi com a patente de subsecretária-geral.
Leia mais: China avança na África e os EUA permanecem quietos
Começou sua carreira diplomática como embaixadora no Senegal em 1989, com responsabilidades em países africanos vizinhos. Depois foi para o Djibuti, antes de servir como embaixadora na França, onde havia estudado anteriormente.
Entre seus muitos papéis na ONU, foi chefe do escritório de Construção da Paz na República Centro-Africana até 2011.
De acordo com a constituição da Etiópia, o cargo de presidente é responsável pela abertura do parlamento, nomeação de embaixadores e altos escalões militares, seguindo a recomendação do primeiro-ministro, e recebimento de credenciais de embaixadores. O mandato é de seis anos e pode ser renovado uma vez.
Deixe sua opinião