Saída de Blair marca início de nova era na política britânica

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Londres – Depois de dez anos no poder, o primeiro-ministro britânico Tony Blair anunciou ontem que deixará o cargo no dia 27 de junho, dando início a uma nova era política na Inglaterra. "Hoje anuncio minha decisão de deixar a liderança do Partido Trabalhista. O partido vai escolher um novo líder. Em 27 de junho entregarei minha renúncia ao cargo de primeiro-ministro à rainha Elizabeth II", afirmou Blair em um discurso emocionado.

O premier fez o anúncio no clube trabalhista de Trimdon, onde lançou a campanha pela liderança trabalhista em junho de 1994. Nesta pequena cidade, em seu distrito eleitoral de Sedgefield (nordeste da Inglaterra), teve início sua vertiginosa carreira. "Tenho sido primeiro-ministro deste país por algo mais de 10 anos. Neste cargo, no mundo atual, acredito que é tempo suficiente para mim, mas especialmente para o país", declarou Blair, que no início do discurso homenageou a esposa Cherie, que qualificou de "excepcional amiga e companheira".

O anúncio acabou com meses de incerteza e abriu o caminho para a batalha pela liderança do Partido Trabalhista, que todos os analistas apostam que será vencida pelo ministro das Finanças, Gordon Brown.

Balanço

Blair defendeu o balanço de seus dez anos no poder, destacando as conquistas econômicas e sociais, mas reconheceu que o veredicto final está nas mãos dos britânicos. "Evidentemente serão feitos julgamentos sobre meu mandato, e em última instância são vocês que os farão. Porém, peço que aceitem uma coisa: com a mão no coração, eu fiz o que pensei que eram correto", afirmou Blair, que chegou a chorar.

Apesar do governo Blair ter obtido um inquestionável sucesso na área econômica e ter proporcionado o processo de paz na Irlanda do Norte, sua saída do poder será acompanhada de poucos aplausos, principalmente pela decisão de apoiar os Estados Unidos na invasão do Iraque. Independentemente de tudo isto, Blair transformou o país e marcou fortemente os britânicos. Uma pesquisa publicada na edição de ontem do jornal The Guardian mostra que 60% dos britânicos consideram que Blair foi uma força de mudança na Grã-Bretanha.