• Carregando...
Ruas cobertas por água e areia em Margate, Nova Jersey, após a passagem da supertempestade Sandy | Mario Tama/Getty Images/AFP
Ruas cobertas por água e areia em Margate, Nova Jersey, após a passagem da supertempestade Sandy| Foto: Mario Tama/Getty Images/AFP

Sobe para 54 o número de mortes no Haiti

Autoridades de socorro haitianas informaram nesta terça-feira (30) que o número de mortes pela passagem do furacão "Sandy" na semana passada subiu para 54, três a mais que no balanço oferecido no domingo.

A Direção de Defesa Civil anunciou através de um breve comunicado que também foram registradas 21 pessoas desaparecidas e 20 feridas.

O organismo detalhou que, dada a magnitude dos efeitos causados pelo fenômeno, não descartam que o número de falecidos continue aumentando. A Defesa Civil disse, além disso, que diminuiu a quantidade de pessoas que se encontram em refúgios em praticamente todo o país, que lentamente retorna à normalidade após as sérias consequências causadas por "Sandy".

As regiões mais afetadas do país foram o oeste e o sul, onde ainda numerosas comunidades permanecem incomunicáveis após a destruição de estradas e pontes, acrescentaram as autoridades. Em sua passagem pelo Caribe, o ciclone afetou também Haiti, República Dominicana, Jamaica, Cuba e Bahamas.

Paranaenses relatam a situação na Costa Leste

A rotina na costa leste dos Estados Unidos mudou por conta da chegada da tempestade Sandy. Segundo maringaenses que vivem na região, desde o último domingo (28) as ruas das principais cidades estão vazias por conta da orientação do governo para que a população fique em casa.

De acordo com a psicóloga Nara Mendes Estella, que vive há 10 anos em Boston, no estado de Massachusetts, os governantes deixaram bem clara a instrução de que era necessário que os moradores ficassem em casa.

Nara é mestranda da Universidade de Harvard e contou por e-mail à Gazeta Maringá que no domingo à tarde todos os alunos receberam por celular a informação de que as aulas e serviços de biblioteca e refeitório estavam suspensos. "Fomos instruídos a comprar água e comida não perecível. A orientação era para nos preparamos para ficar pelo menos três dias sem sair de casa."

A tempestade chegou a Boston por volta das 11 horas de segunda-feira (29) - horário local - e durou cerca de quatro horas. "Os noticiários informaram que choveu em um dia três vezes mais do que o esperado para todo mês de outubro. Foi assustador, mas, graças a Deus, menos grave do que o antecipado."

A situação é semelhante na capital americana, Washington, segundo o jornalista Vinícius Carvalho. Por conta da chegada do furacão, todos os serviços de transporte e comércio foram suspensos. "Domingo à tarde fui ao supermercado e vi muitas pessoas comprando água mineral para estocar. Pareciam que estavam esperando o apocalipse."

O jornalista conta que a cobertura da imprensa local dá foco exclusivo ao avanço da tempestade Sandy. "O tempo todo eles mostram o traçado da tempestade, colocam repórteres no meio do furacão para mostrar o desastre." Carvalho conta que na noite de segunda-feira o vento chegou a 90 quilômetros por hora. Na praia de Rehoboth Beach, a cerca de 200 quilômetros de Washington, a maré chegou nas calçadas e os moradores precisaram proteger suas casas com sacos de areia, segundo o jornalista.

A mourãoense Darlene Perini mora em Nova York com os filhos e o marido. Ela contou no início da manhã desta terça-feira (30) à irmã Valdanir Perini que o clima na cidade era de medo e apreensão. De acordo com Valdenir, Darlene disse que no final da tarde de segunda-feira (29), o céu escureceu e ventou e choveu muito forte. A família está sem energia elétrica.

A publicitária e designer Paola Orlowski conta que às 19 horas de segunda-feira terminou a energia elétrica no hotel onde está hospedada. "Hoje [segunda] de manhã também não tinha água. Viemos para o Norte para tentar comer. Estamos com muita dificuldade de pegar táxi e todo o comércio está fechado", disse.

Energia pode levar uma semana para voltar em NY

AFP

O fornecimento de luz poderá demorar uma semana para ser restabelecido na maioria dos lares do sul de Manhattan, onde os habitantes estão sem energia elétrica desde ontem à noite por causa da agora tempestade Sandy, informou nesta terça-feira (30) a companhia de fornecimento elétrico de Nova York (ConEdson). Leia mais.

  • Tempestade deixa rastro de sujeira nas ruas do Brooklyn, em Nova York
  • Boa parte do Brooklyn está coberta com a sujeira trazida pela inundação
  • Diques portáteis que a tempestade derrubou agora são vistos na região do Brooklyn
  • Inundação causada pela tempestade Sandy invade uma estação de metrô de Nova Jersey
  • Centro financeiro da maior cidade dos EUA também ficou inundado
  • Funcionário de manutenção caminha na rua 33 com a 1ª, em frente ao Langone Medical Center, da NYU
  • Bombeiros prestam atendimento em um prédio cuja parede sofreu um colapso por causa da tempestade, em Nova York
  • Tempestade causada pelo furacão em Southampton, Nova York
  • Carro passa por área alagada em Southampton, Nova York
  • Ondas causadas pela força do furacão Sandy atingem a costa em Milford, Connecticut
  • Veículo atravessa área alagada em Southampton, Nova York: expectativa pela chegada do furacão Sandy
  • Bombeiros apagam incêndio em casa em Freeport, Nova York: estragos causados pelas tempestades do Sandy
  • Homem tira fotos das ondas gigantes em Milford, Connecticut
  • Mulher agarra-se ao guarda-chuva no Parque Georgetown Waterfront, em Washington
  • Casa inundada em Southampton, Nova York
  • Parte de um guindaste gigantes se rompeu em decorrência dos ventos fortes do furacão Sandy em Manhattan
  • Homem corre enquanto um carro de polícia interdita rua em Nova York
  • Árvore de Natal é derrubada pelos ventos do furacão Sandy em Ocean City, Maryland
  • Homem observa o mar agitado por causa do furacão Sandy em Montauk, Nova York
  • Estragos provocados pela tempestade Sandy no sul de Nova Jersey

A passagem de "Sandy" causou ao menos 30 mortes e deixou cerca de 8 milhões de pessoas sem luz, ao mesmo tempo em que causou alagamentos em muitas cidades e paralisou os negócios no nordeste dos Estados Unidos, com danos que os analistas avaliam em US$ 20 bilhões.

FOTOS: Veja as imagens dos estragos causados pela tempestade

INFOGRÁFICO: Confira a movimentação da tempestade

"Liguem pra mim", diz Obama a governadores afetados pelo Sandy

Rio transborda e inunda três cidades de Nova Jersey

A tempestade tropical teve impacto mais letal em Nova York, com 18 das 30 mortes registradas nos EUA. Três pessoas morreram em Nova Jersey, outras três na Pensilvânia; duas em Maryland, Connecticut e Virgínia; uma na Carolina do Norte e um a bordo do veleiro "HMS Bounty", que afundou em alto-mar.

As impressionantes imagens de bairros inundados, casas destruídas e negócios fechados durante dias alarmaram as autoridades e os economistas dos EUA. Os analistas apontam para prejuízos elevados, mas temporários, que serão maiores no caso das companhias aéreas e das pequenas empresas.

A empresa californiana Eqecat, que se dedica também ao fornecimento de modelos de riscos catastróficos, calculou que "Sandy" deixará danos econômicos de entre US$ 10 e 20 bilhões, dos quais aproximadamente a metade estaria coberta por seguros.

Se o custo ficar no extremo mais conservador - ao redor dos 10 bilhões - seria similar ao causado pelo furacão "Irene" que varreu a costa leste em agosto de 2011, lembram os especialistas.

Mas "Sandy" foi mais forte que "Irene" em muitos sentidos, já que causou o dobro de cortes de eletricidade em Nova Jersey, com 2,4 milhões de pessoas sem luz na terça-feira, dentro de um total de 8 milhões de habitantes afetados em todo o país, segundo dados do Departamento de Energia.

Quase 4 milhões de pessoas dos estados de Nova York, Nova Jersey e Connecticut continuavam sem eletricidade pela tarde, em algumas áreas sem telefone (os cabos de ambos os serviços foram derrubados por galhos e árvores que caíram) e inclusive sem água potável.

Os cortes de energia elétrica "são vastos, mas menores do que se esperava", disse à Agência Efe Jan Vermeren, da empresa Kinetic Analysis de Maryland, dedicada na avaliação de riscos por desastres e que estima perdas totais de até US$ 25 bilhões, incluindo as interrupções nos negócios.

"O maior custo está no sistema subterrâneo de Nova York e até que os técnicos sejam capazes de ir ali embaixo e revisar as instalações, as redes de eletricidade, não teremos um valor aproximado", acrescentou.

A fúria de "Sandy" afetou a produção nas refinarias da região de Nova Jersey, mas, ao mesmo tempo, a suspensão das atividades governamentais e comerciais diminuiu a demanda por combustíveis, por isso Vermeren acredita que "uma coisa compensará a outra e não veremos um aumento muito agudo dos preços".

O analista da companhia de gestão de riscos Moody's, Ryan Sweet, lembrou no site da empresa que "os desastres naturais costumam ter um impacto inicial muito forte na economia, mas normalmente geram atividade extra mais tarde".

"Esperamos que qualquer produção perdida nesta semana pela tempestade 'Sandy' seja compensada nas semanas seguintes e minimize o efeito no PIB do quarto trimestre", disse Sweet.

Para o economista-chefe do banco Wells Fargo, John Silvia, grande parte da interrupção brusca na atividade dos negócios vai ter cobertura das seguradoras ou será compensada nas semanas seguintes, com exceção das companhias aéreas, que devem cancelar mais de 16 mil voos, segundo a apuração do site "Flightaware.com".

"Os voos e os hotéis, não há como compensá-los", disse à "CNN" Silvia, que também prevê "duras perdas" para os pequenos negócios que deverão ficar fechados durante muitos dias por conta da falta de eletricidade.

A Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema), conta com aproximadamente US$ 3,6 bilhões em seu fundo para desastres e acredita que são suficientes para atenuar os efeitos de "Sandy", informaram fontes da agência ao jornal "The Wall Street Journal".

Assistência

Nos estados de Nova York e Nova Jersey, onde a supertempestade já se configura como uma das tempestades mais devastadoras já registradas, o presidente Barack Obama declarou nesta madrugada estado de "grande catástrofe", permitindo o acionamento de programas de assistência às vítimas.

A apenas uma semana da eleição presidencial de 6 de novembro, Obama suspendeu sua campanha para se concentrar nas operações de emergência, manifestando sua "preocupação" e "tristeza" com as mortes e a devastação provocadas por Sandy. A Casa Branca anunciou o cancelamento da agenda eleitoral do presidente prevista para quarta-feira. Neste dia, ele visitará Nova Jersey.

Seu rival Mitt Romney, que teve o seu papel limitado ao de um espectador diante de um Barack Obama que assumiu o controle do governo federal para ajudar as vítimas atingidas por Sandy, anunciou, entretanto, que não adiará os seus compromissos de quarta-feira no estado-chave da Flórida.

Nova York se transformou em uma cidade fantasma na manhã desta terça-feira.Pelo menos dez mortes foram relatadas na metrópole, afirmou em uma coletiva de imprensa o prefeito Michael Bloomberg, que disse esperar um aumento deste registro. Cerca de 750.000 residências também ficaram sem energia elétrica na cidade, indicou.

Nos Estados Unidos, a maioria das linhas de energia não está no subsolo, o que as deixa sob a ameaça de queda de árvores ou galhos durante fortes chuvas e tempestades com raios. A metade sul de Manhattan mergulhou na escuridão durante a noite. Apenas alguns edifícios equipados com geradores foram capazes de manter a eletricidade. O sul da ilha é também a parte da cidade mais afetada pelas enchentes.

"Liguem pra mim", diz Obama a governadores afetados pelo Sandy

Obama disse hoje que governadores de Estados afetados pela passagem do ciclone pós-tropical Sandy pelos EUA podem ligar para ele diretamente caso recebam um "não" de alguma entidade federal durante o esforço de apoio às vítimas."Telefonem para mim pessoalmente, na Casa Branca." Para o presidente, não pode haver "limite nem burocracia" neste momento, disse, durante discurso na sede da Cruz Vermelha nos EUA.

"Não há desculpa para inação. Faremos todo o possível, o quanto antes", disse, citando o Estado de Nova Jersey -onde 89% da população está sem abastecimento de energia elétrica- e o sul da ilha de Manhattan, em Nova York, como duas das regiões mais afetadas.

Obama estimulou o governo e a sociedade civil a pensar criativamente, empregando, por exemplo, equipamentos militares para bombear água para fora dos túneis do metrô de Nova York. Ele parabenizou os trabalhos de socorro durante a madrugada, em especial as equipes de um hospital de Nova York que precisou ser esvaziado às pressas. "Na escuridão da tempestade, vimos o que há de mais brilhante nos EUA."

"Ainda não acabou"

Obama disse ainda que o governo federal fará tudo o que puder para ajudar autoridades locais a lidar com os danos provocados pela tempestade Sandy. O presidente, falando na sede nacional da Cruz Vermelha americana, disse que a tempestade, que atingiu algumas das áreas mais densamente povoadas do leste dos Estados Unidos na segunda-feira, "ainda não acabou" e que ainda havia riscos.

"Ainda está se movendo para o norte", disse Obama. "Ainda há comunidades que podem ser afetadas. Então, quero enfatizar que há riscos de inundações, há riscos de queda de linhas de transmissão de energia, riscos de ventos fortes."

Zona de catásfrofes

Obama declarou como zona de catástrofe as áreas de Nova York e Nova Jersey atingidas pelos fortes ventos e a a ressaca da tempestade extratropical Sandy. A declaração, divulgada pela Casa Branca, coloca à disposição dos governos e comunidades locais os fundos, equipes e funcionários do governo federal necessários para enfrentar as consequências do desastre e socorrer os afetados pela tempestade.

A tempestade deixou milhares de pessoas sem eletricidade de Maine até Carolina do Norte, forçou a suspensão de voos de companhias aéreas comerciais em mais de uma dúzia de aeroportos da costa leste do país e suspendeu as atividades dos governos na região.

Rio transborda e inunda três cidades de Nova Jersey

Uma elevação sem precedentes no nível de um rio no norte de Nova Jersey nesta terça-feira provocou a inundação de três cidades com um muro de água superior a 1,5 metro de altura no rastro do furacão Sandy, provocando a retirada de milhares de pessoas de suas residências. As cidades de Moonachie, Little Ferry e Carlstadt estavam submersas depois que o rio Hackensack transbordou pouco depois da meia-noite.

"Desde a noite de ontem estamos envolvidos com a busca e o resgate urbano com o pessoal local em Moonachie e em Little Ferry. Já salvamos centenas", disse o governador de Nova Jersey, Chris Christie, em um comunicado à imprensa televisionado na manhã desta terça-feira. "Não era uma barragem nem um dique, era apenas uma berma natural que foi sobrecarregada pela elevação do nível da água, foi uma elevação do nível da água sem precedentes", disse Christie.

A área situada no condado de Bergen foi atingida pela inundação entre a meia-noite e 1h30, praticamente sem dar alerta aos moradores. A água veio depois que a parte mais pesada da tempestade já havia passado. Sandy deixou de ter o status de furacão pouco antes de atingir o continente, mais ao sul de Nova Jersey, na noite de segunda-feira.

"Do começo ao fim, esse muro de água, em alguns lugares uma onda muito maior do que 1,5 metro, atingiu uma área despreparada. O impacto completo foi sentido em menos de 30 minutos", afirmou a chefe do executivo do condado de Bergen, Jeanne Baratta.

"Provavelmente mais de 2 mil moradores foram atingidos por isso e muitos não perceberam que não poderão voltar para casa nesta noite", disse à Reuters por telefone.

Veja estragos causados pela tempestade Sandy

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]