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Trípoli – O presidente francês, Nicolas Sarkozy, firmou um acordo de cooperação nuclear com a Líbia e disse que o Ocidente deveria confiar no uso pacífico dessa tecnologia por parte dos países árabes, sob o risco de provocar uma guerra de civilizações. A França decidiu na quarta-feira ajudar a Líbia a desenvolver um reator nuclear que permitirá a dessalinização da água do mar, tornando-a potável.

O reator pode ser fornecido pela empresa francesa de energia nuclear Areva. "A energia nuclear é a energia do futuro", disse Sarkozy. "Se não dermos a energia do futuro aos países do sul do Mediterrâneo, como eles vão se desenvolver? E, se não se desenvolverem, como vamos combater o terrorismo e o fanatismo?"

Muitos países do Oriente Médio, alguns deles preocupados com o programa nuclear do Irã, estão interessados em desenvolver a energia atômica. Claude Gueant, chefe de gabinete de Sarkozy, lembrou que a cooperação nuclear implica que "um país que respeita as regras internacionais pode obter energia nuclear civil".

Sarkozy esteve ontem no Senegal, a primeira visita que realiza a um país da África Subsaariana desde que assumiu seu cargo. O presidente da França evitou vincular o acordo nuclear à libertação, nesta semana, de seis profissionais de saúde que passaram oito anos presos e foram condenados na Líbia pela acusação de terem contaminado crianças com o vírus HIV. Sarkozy ajudou a mediar o acordo entre Trípoli e a União Européia para a libertação das enfermeiras búlgaras e de um médico palestino. O caso representa um dos últimos obstáculos nas relações entre a Líbia e o Ocidente. "A única ligação que se pode fazer é que, se as enfermeiras não fossem libertadas, eu não teria vindo", disse Sarkozy.

A Areva, maior fabricante mundial de reatores nucleares, atende a todo o ciclo nuclear, da mineração ao tratamento de dejetos. A Líbia anunciou em fevereiro uma parceira com a Areva na exploração e mineração de urânio.

Em dezembro do ano passado, vários países do Golfo Pérsico e a Arábia Saudita anunciaram um projeto nuclear conjunto para fins pacíficos, principalmente a dessalinização da água marinha.

O Egito, que suspendeu seu programa nuclear depois do acidente na usina soviética de Chernobyl (1986), cogita retomá-lo para atender à sua demanda por energia e poupar as reservas de gás e petróleo.

Líbia e França também firmaram na quarta-feira parcerias para os setores da indústria bélica, da pesquisa científica e da educação superior. "Estou tentando tranquilizar uma parte do mundo árabe", disse Sarkozy. "Há a Líbia, mas todos os outros Estados árabes estão olhando a forma como a Líbia será tratada depois da libertação das enfermeiras."

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