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François Hollande, político sem grande carisma, se tornou o homem da vez: rumo à esquerda | Charles Platiau/Reuters
François Hollande, político sem grande carisma, se tornou o homem da vez: rumo à esquerda| Foto: Charles Platiau/Reuters

Promessas

Principais propostas dos líderes da corrida presidencial francesa:

Nicolas Sarkozy

Centro-direita

Partido – União por um Movimento Popular (UMP)

• Eliminar o déficit orçamentário até 2016

• Reforçar as leis de imigração, reduzindo o número de imigrantes para 100 mil ao ano

• Aumentar o imposto sobre as vendas para 21,2%. Criar um imposto para coibir a evasão fiscal

• Revisar as viagens sem passaporte pela Europa, para reforçar o controle da fronteira francesa

François Hollande

Centro – esquerda

Partido Socialista (PS)

• Eliminar o déficit orçamentário até 2017

• Renegociar o pacto de estabilidade da UE, para incluir medidas que visem ao crescimento

• Criar um imposto de 75% para quem ganha mais que 1 milhão de euros ao ano

• Criar 60 mil empregos no setor de educação em cinco anos

Fonte: AFP

Entrevista

"Há uma crise de confiança e uma crise de identidade"

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  • Nicolas Sarkozy entra para a História como um dos presidentes mais impopulares da França

Nicolas Sarkozy, presidente da França, senta-se hoje no banco dos réus: será jul­­gado pelos franceses numa eleição presidencial impiedosa. O homem que vendeu o sonho de transformar a França chega ao final de cinco anos de mandato tragado pela crise da Europa. Deverá passar pela primeira etapa da votação. Mas não sobreviverá ao segundo turno, no dia 6 de maio, segundo todas as sondagens. No seu lugar deverá assumir o rival que até há pouco tempo ninguém imaginava no poder: o socialista François Hollande, que nunca exerceu cargo no governo.

Sarkozy deve engrossar a lista de 14 líderes europeus já derrubados pela crise dos últimos três anos. E entrará para a História como um dos presidentes mais impopulares da Quinta República (da atual Constituição da França, em vigor desde 1958) derrotado após um único mandato.

"Sem dúvida, é o julgamento de Sarkozy", avalia Bruno Cautrès, do Instituto de Ciências Políticas, o Scien­­ces-Po, em Paris. "É uma missão quase impossível ele ganhar estas eleições."

Além de Sarkozy e Hol­­lande, dez outros candidatos participam do pleito. Ti­­rando o duelo dos grandes e Marine Le Pen, da Frente Nacional (extrema-direita), a grande questão é para que lado vão os indecisos.

Mas a esta altura, uma coisa é certa: Sarkozy, na boca de todos os analistas, está derrotado. E a causa disso pode estar em suas ações ao mesmo tempo populares e inconsequentes.

"Ele tem um lado popular. Não é um homem extremamente culto. De vez em quando comete erros de francês, o que não se espera de um presidente da República", avalia o também cientista político Etienne Schweisguth.

Os franceses se chocaram ao ver a foto de um presidente recém-empossado suado, subindo correndo as escadas do Palácio do Eliseu de short e tênis, na volta de seu jogging. Ficou também marcada a imagem dele celebrando a vitória no iate de uma amigo bilionário, Vincent Bolloré, dono de um dos maiores grupos industriais da França. Ou ainda passeando com a atual mulher e cantora Carla Bruni, na Disneylândia em Paris, depois de um tumultuado divórcio que foi acompanhado na França como um verdadeiro "Big Brother".

E assim, Hollande, um po­­­­lítico sem grande carisma nem grandes realizações, se tornou o homem da vez. Virou candidato depois que o homem que todos esperavam ser o eleito socialista, o ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) Dominique Strauss Kahn, caiu em desgraça num enorme escândalo sexual.

A esquerda francesa, que perdeu as três ultimas eleições presidenciais — em 1995, 2002 e 2007 — volta às urnas neste domingo com sede de poder.

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