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Vídeo| Foto: TV Paranaense

Paris – O novo presidente da França, Nicolas Sarkozy, tomou posse ontem numa cerimônia rápida e sóbria, prometendo "romper com os comportamentos do passado". E o rompimento começa com a forma como ele pretende controlar o país. Ao contrário de seu antecessor Jacques Chirac, Sarkozy não vai se contentar em se ocupar principalmente de política externa. Ele quer liderar as reformas internas, e alguns estão se perguntando que espaço terá o novo premier, François Fillon. Todo poderoso no comando de questões internas e externas, Sarkozy poderá inaugurar uma versão francesa da Casa Branca, segundo analistas. Num discurso de nove minutos, este filho de um imigrante húngaro, de 52 anos, que há anos reinava na cena política como um dos homens de direita mais populares do país, diz que vai governar com todos: de direita, centro, ou esquerda.

"À serviço da França, não há campo", declarou o novo presidente.

Ele disse que a França precisa mudar porque "jamais o imobilismo foi tão perigoso" para o país. Num mundo em plena mutação, onde cada um se esforça para mudar mais rápido que os outros e onde "todo o atraso pode ser fatal".

Segurança, ordem, autoridade. Todas estas palavras que marcaram sua campanha foram usadas no discurso, pontuado por um lema : "exigência de resultado, porque os franceses não agüentam mais o fato de que nas suas vidas cotidianas nada nunca melhora". E para reforçar sua promessa – a de que vai ser um presidente "de ação" –, Nicolas Sarkozy, hoje mesmo quis dar um sinal forte para a Europa: pegou um avião para se encontrar com a chanceler federal alemã, Ângela Merkel, cujo país detém a presidência rotativa da União Européia. (UE).

"Eu vou lutar por uma Europa que protege, pela união do Mediterrâneo e pelo desenvolvimento da África", declarou.

Depois do encontro, Sarkozy disse que combaterá a crise constitucional da UE, afirmando ser uma urgência "tirar o bloco de sua atual paralisia". Sarkozy quer relançar na França o projeto de Constituição Européia, que foi rejeitado pela população em 2005.

Sarkozy assume a presidência em plena tormenta interna. Ele convidou para fazer parte de seu governo personalidades da esquerda, como o socialista Bernard Koucher, que aceitou assumir o Ministério das Relações Exteriores. Com isso, desagradou a militantes no seu campo (direita) e irritou os socialistas, que o acusam de fazer manobra política para dividir a oposição às vésperas das eleições legislativas de junho, que vão escolher o novo Parlamento. Sarkozy respondeu a seus críticos no discurso de posse ao dizer que vai fazer um governo de "reunião de talentos":

"A todos os que querem servir o país, eu digo que estou pronto a trabalhar com eles e que não pedirei a eles para negar suas convicções, trair suas amizades ou esquecer suas histórias. A eles cabe decidir, em suas almas e consciências de homens livres, como vão servir a França."

Paris amanheceu com um frio chuvoso pouco habitual para esta época do ano. O novo presidente chegou ao Palácio do Eliseu às 10h58 num carro fechado, vindo de seu escritório de campanha, sob os aplausos de muitos franceses nas calçadas. Vestido sobriamente, Sarkozy foi recebido na porta por Jacques Chirac, seu mentor no início da carreira política, mas que se tornou um grande rival em 1995 – apesar de Sarkozy depois passar a integrar seu governo.

Ontem, Chirac e Sarkozy conversaram por 35 minutos. Momento crucial em que Chirac transmitiu ao novo presidente o código para detonar a arma nuclear. No tapete vermelho na porta do Palácio desfilaram vários convidados.

Durante a cerimônia de posse, milhares de sindicalistas e estudantes protestaram em várias cidades francesas, segundo a polícia, sem maiores incidentes. Em Paris, cerca de 1.500 jovens foram às ruas, afirmando que resistirão contra "a opressão liberal". Houve protestos – com a participação de outras centenas de pessoas – também em Lyon, Toulouse, Rennes e Nantes.

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