O presidente da França, Nicolas Sarkozy, visitou Bagdá na terça-feira em busca de oportunidades de negócios e uma melhora nos laços afetados pela oposição francesa à invasão liderada pelos Estados Unidos no Iraque.
Na primeira visita de um chefe de Estado francês ao Iraque, Sarkozy reuniu-se com o presidente Jalal Talabani e com o primeiro-ministro Nuri al-Maliki.
A violência caiu drasticamente no Iraque no ano passado, e os soldados dos EUA se preparam para sair das cidades e para uma retirada total até o fim de 2011. No mês passado, o Iraque realizou as eleições mais pacíficas do país desde a queda de Saddam Hussein.
Autoridades iraquianas acreditam que chegou a hora de companhias estrangeiras investirem no país, em especial nos campos de petróleo que abrigam a terceira maior reserva provada de petróleo bruto do mundo. A gigante de petróleo francesa Total SA está entre as empresas qualificadas a se oferecer para contratos de exploração de longo prazo dos campos de petróleo iraquianos.
"A situação não é perfeita, mas quem diria há alguns meses que eu estaria visitando o Iraque e seus líderes?", disse Sarkozy durante uma entrevista coletiva com Talabani, falando por meio de um intérprete árabe.
"Diremos às companhias francesas que chegou a hora de voltar ao Iraque", acrescentou ele mais tarde após se reunir com Maliki, afirmando que a França enviaria uma delegação empresarial ao Iraque no verão.
Maliki afirmou que as empresas francesas não enfrentarão dificuldades por causa da recusa de seu país em unir-se ao esforço para derrubar Saddam.
"Elas não vão começar do zero, porque as empresas francesas têm uma longa história no Iraque", disse ele.
Relações
A França participou da coalizão liderada pelos EUA que lutou contra o Iraque em 1991, depois que Saddam invadiu o Kuweit, mas defendeu o abrandamento das sanções contra o Iraque nos anos 1990. Quando os EUA lideraram a invasão no Iraque em 2003, o antecessor de Sarkozy, Jacques Chirac, liderou a oposição internacional.
Dezenas de milhares de iraquianos e mais de 4.000 soldados norte-americanos morreram nos combates entre os muçulmanos xiitas, maioria da população, e a minoria árabe sunita.
Sarkozy busca melhorar as relações com Washington, e uma visita ao Iraque repercutirá melhor junto à opinião pública francesa agora que o impopular ex-presidente George W. Bush já se foi.
Apesar da redução na violência, ataques suicidas e com carros-bomba continuam freqüentes, e a visita de Sarkozy, parte de um tour pelo Oriente Médio, foi cercada de segredo.
A última visita de uma autoridade francesa ao país ocorrera em maio de 2008, quando o ministro das Relações Exteriores Bernard Kouchner, que acompanhou Sarkozy na terça, ficou alguns dias no país.



