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Curitiba – Enquanto não temos certeza de que eles virão, vieram, existem ou mesmo vivem entre nós, físicos e astronômos de todo o mundo continuam a caçada para encontrá-los. Esse é o princípio que motiva a missão Corot, uma etapa importante na busca por vida fora do planeta Terra. O projeto é da agência espacial francesa (CNES), com parceria de outros países europeus e participação de astrônomos brasileiros.

No início de dezembro, o satélite Corot será lançado do cosmódromo de Baikonur, no Casaquistão – mesmo lugar onde o astronauta brasileiro Marcos Pontes partiu para sua viagem espacial –, em busca de planetas com características parecidas com a Terra, onde, imagina-se, há a maior possibilidade de vida.

Equipado com um telescópio de 27 centímetros de diâmetro, o satélite foi projetado para ser o primeiro na história a detectar com precisão planetas rochosos (como a Terra) fora do Sistema Solar, os chamados planetas extra-solares.

Apesar de seguir numa órbita considerada baixa, a mais ou menos 800 quilômetros de altura, o Corot vai monitorar o trânsito planetário – momento em que um planeta passa em frente da sua estrela-mãe – em mais de 100 mil estrelas (veja gráfico).

"Quando o planeta passar em frente à estrela, ele provocará um pequeno eclipse, que vai alterar a emissão de luz. O satélite vai detectar essa pequena variação da luz e, com a quantificação disso, será possível saber o tamanho do planeta. Claro que, além de ver o trânsito de planetas rochosos, veremos a passagem de grandes corpos, em geral planetas gasosos. Mas a atenção estará nos pequenos, onde há mais chances de encontrarmos as condições necessárias para a vida", explica Eduardo Janot, coordenador da parte brasileira do projeto e professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP).

Depois de coletar essas informações durante três anos, tempo em que deve durar a energia do Corot, outros satélites serão lançados para analisar especificamente as atmosferas dos planetas descobertos. "Em 2010, vão ser lançados dois grandes satélites, um norte-americano e outro europeu, que devem ter a tecnologia necessária para observar a atmosfera dos planetas. Eles vão procurar especialmente por duas coisas: o gás carbônico e o ozônio, dois elementos indispensáveis para a nossa vida na Terra", diz Janot.

O professor do departamento de Geociência e coordenador do Observatório Astronômico da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Marcelo Emílio, é o único integrante da missão Corot no Paraná (veja acima).

O projeto Corot foi proposto pela Agência Espacial Francesa em 1996 e tem custo total de 35 milhões de euros. Além da França, principal membro, Inglaterra, Alemanha, Áustria, Espanha, Bélgica e Brasil colaboram com o programa e terão total acesso às informações obtidas pelo satélite. Segundo Janot, o Brasil colaborou com US$ 1,5 milhão. "Ficamos responsáveis por três coisas. A primeira é o trabalho científico anterior ao lançamento do satélite. Também enviamos engenheiros para ajudar na produção do software do satélite, que é um equipamento que não pode dar pane, então é uma programação muito especial. E, por último, o Brasil vai colocar a disposição do Corot uma estação de solo para receber dados, em Alcântara (MA)", explica Janot.

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