• Carregando...
Venezuelanos demonstram apoio ao presidente Hugo Chávez, que se recupera da quarta cirurgia contra o câncer | Jorge Silva/AFP
Venezuelanos demonstram apoio ao presidente Hugo Chávez, que se recupera da quarta cirurgia contra o câncer| Foto: Jorge Silva/AFP
  • Igrejas sediaram homenagens e orações pela recuperação do presidente venezuelano durante a última semana

A cirurgia que o presidente venezuelano Hugo Chávez enfrentou na última semana teve complicações e sua recuperação será dura e lenta, informaram as autoridades do país. A menos que ele reverta esse quadro e esteja apto para participar da posse em 10 de janeiro, novas eleições serão chamadas. E a Venezuela mudará para sempre.

Nos últimos 14 anos, Chávez governou o país sob um regime centralizador que, não por acaso, é conhecido como chavista. Além de atualizar ideias socialistas para este século – com políticas sociais e estatizações generalizadas –, esse modelo de Estado era muito dependente de seu líder.

Para o colunista da Gazeta do Povo Friedmann Wendpap, que também é professor de Direito Internacional da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), essa postura de Chávez como presidente o impediu de criar sucessores políticos. Por isso, o anúncio do vice Nicolás Maduro como escolhido para herdar o legado do mandatário foi uma surpresa para a comunidade internacional.

Além de surpreendente, a nomeação do sucessor também reforça a tese de que o líder do chavismo não deve assumir para o próximo mandato, como explica Regiane Bressan, professora de Relações Internacionais nas Faculdades Rio Branco. "A doença de Chávez preocupa a Venezuela há muito tempo. Maduro só foi indicado porque houve uma piora na saúde do presidente."

Eleições

De acordo com a legislação venezuelana, se Hugo Chávez não assumir a presidência no prazo por morte ou doença, novas eleições serão convocadas. Mesmo sem a força política do antecessor, Maduro será o candidato do partido do presidente, o Partido Socialista Unido da Venezuela.

Para o páreo, a oposição pode apostar novamente em Henrique Capriles, do Primeira Justiça, que fez 44% dos votos contra Chávez nas eleições de outubro deste ano. O que certamente renderia uma disputa política acirrada, afirma Regiane. "É muito difícil dizer qual seria o resultado", complementa.

Mesmo que a oposição perca para Maduro, é improvável que o chavismo se mantenha firme na Venezuela sem seu líder. Para que o país mantenha seu rumo, Chávez precisa se recuperar e liderar o país até o fim do mandato, em 2019.

Aliado

Escolhido por Chávez, Nicolás Maduro tem pouco poder político

Se Hugo Chávez não assumir a Presidência, Nicolás Maduro deve enfrentar uma corrida eleitoral intensa na Venezuela. Ter sido escolhido pelo chefe de Estado dá ao ex-motorista de ônibus a condição de candidato do chavismo, mas sua pequena expressividade política pode prejudicá-lo durante a campanha.

Se ganhar, a tendência é que Maduro mantenha as principais políticas chavistas nos primeiros anos. Em curto prazo, pouca coisa mudaria na Venezuela, diz a professora Regiane Bressan, do curso de Relações Internacionais das Faculdades Rio Branco. "Mas Chávez vive mais de ideias, o que sempre influenciou muito o governo. Maduro é pragmático e centrado. Além disso, não tem o mesmo apoio da população", diz.

Sem força política, o chavismo acabaria enfraquecido no futuro e poderia até deixar de existir na Venezuela. Especialmente se a oposição vencer.

O professor Carlos Magno Bittencourt, economista da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), diz que o vice não foi construído como um nome forte por Chávez. Logo, tem poucas chances reais de ganhar uma eleição democrática. "Mas, se Nicolás Maduro realmente transferir [para si] o eleitorado [de Chávez], não terá direção [política] adequada. Será um chavismo piorado", diz.

Oposição

Eleições regionais definem o futuro de Henrique Capriles

As eleições para governador que ocorrem neste domingo na Venezuela devem ser decisivas para definir se Henrique Capriles concorre mais uma vez como candidato à presidência, caso Hugo Chávez não se recupe em tempo de assumir o controle do país em janeiro. O principal nome da oposição ao chavismo tenta a reeleição para o governo do estado de Miranda.

Em outubro deste ano, Capriles fez 44,97% dos votos na Venezuela. Seu nome ainda não é visto como uma opção para a oposição, mas a vitória política em Miranda pode garantir a candidatura, com potencial para modificar completamente os rumos do país.

Uma das primeiras medidas de um governo não chavista seria intensificar as relações com países desenvolvidos, como os Estados Unidos. Essa seria uma maneira de modificar a estrutura econômica venezuelana, que hoje depende da exportação de petróleo – responsável por cerca de 40% do orçamento do governo.

A vitória de Capriles ou de outro nome da oposição de Chávez representará uma guinada para a Venezuela, diz o economista Carlos Magno Bittencourt, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). "Será um momento para ampliar a industrialização e colocar o país nos eixos", afirma.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]