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Funcionária prepara urna para eleições. Pleito pode não ser reconhecido pela comunidade internacional | Oswaldo Rivas/ Reuters
Funcionária prepara urna para eleições. Pleito pode não ser reconhecido pela comunidade internacional| Foto: Oswaldo Rivas/ Reuters

Eleições

Oposição a Zelaya e Micheletti lidera pesquisa

Reuters

Tegucigalpa - Enquanto o país continua mergulhado na crise política desencadeada pelo golpe militar, o candidato do Partido Nacional à presidência de Honduras, Porfirio Lobo, ampliou sua vantagem na preferência dos eleitores, apontou uma pesquisa da CID-Gallup publicada ontem.

De acordo com a pesquisa, divulgada pelo jornal La Prensa, Lobo teria 37% das intenções de voto, contra 21% do candidato do Partido Liberal, Elvin Santos. Em uma pesquisa feita em setembro, Santos estava atrás de Lobo por cinco pontos porcentuais. As eleições estão programadas para 29 de novembro.

Tanto Zelaya como Micheletti são militantes do Partido Liberal, que está dividido por causa da situação. Santos, que foi vice-presidente de Zelaya, procurou ficar distante do conflito político. Lobo, um empresário agrícola de 61 anos, lançou campanha prometendo combater a pobreza se for eleito, mas a comunidade internacional ameaça não reconhecer o resultado das eleições se Zelaya não for restituído antes do pleito.

Honduras mergulhou em uma das piores crises políticas de sua história em 28 de junho, quando um golpe de Estado destituiu o presidente Manuel Zelaya e instaurou um governo de fato liderado pelo empresário Roberto Micheletti, que não é reconhecido pela comunidade internacional.

Washington - O subsecretário de Estado dos EUA para o Hemisfério Ocidental, Thomas Shannon, chega hoje a Honduras com a difícil missão de dar novo impulso ao chamado diálogo de Guaymuras, negociação sobre a restituição do presidente deposto Manuel Zelaya, iniciada há três semanas.

A visita, anunciada hoje pelo Departamento de Estado dos EUA, ocorre em um momento de im­­passe nas negociações travadas restando apenas um mês para a realização de eleições presidenciais em Honduras.

Ao anunciar o envio de Shan­­non a Tegucigalpa, o porta-voz da chancelaria americana, Ian Kelly, qualificou o impasse em Hondu­­ras como "urgente".

Shannon foi designado pelo presidente dos Estados Unidos, Ba­­rack Obama, para ocupar o posto de embaixador do país no Brasil, mas o trâmite da nomeação está travado no Senado americano.

Em retaliação ao apoio de Oba­­ma a Zelaya, a oposição republicana recusa-se a confirmar Shannon para o cargo, assim como o novo chefe da diplomacia para a Amé­­rica Latina, Arturo Valenzuela.

Enquanto isso, uma pesquisa do Instituto Gallup divulgada nesta terça-feira indica que 76% dos hondurenhos acreditam que a eleição é a solução para a crise. A mesma sondagem mostra o candidato Porfírio "Pepe" Lobo, do Partido Nacional, 16 pontos à frente do governista Elvin Santos, do Partido Liberal.

Insurgência?

Apesar de o governo de Roberto Micheletti reiteirar não ser uma ditadura militar, as forças do Exército sofreram ataques cujas características lembram ações guerrilheiras. Não há, porém, informações sobre quem seriam os au­­tores desses ataques.

O pai do vice-ministro da De­­fesa do governo interino de Hon­­duras, Gabo Jalil, foi sequestrado na manhã de ontem, na capital Tegucigalpa. O empresário Alfre­­do Jalil, de 81 anos, foi retirado de seu veículo e seu paradeiro é desconhecido, declarou sua mulher, Gloria Mejía. Pelo menos duas perfurações a bala foram encontradas no veículo.

O ministro da Defesa, Adolfo Sevilla, declarou à Radio América que não tem maiores informações sobre o que aconteceu. "Não queremos fazer especulações, muito menos neste momento de dor para as Forças Armadas", disse Sevilla, citando a morte do coronel Concepción Jiménez, assassinado a tiros na noite de domingo em frente a sua casa em Teguci­­galpa.

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A crise

A deposição do presidente Manuel Zelaya completa hoje 4 meses.

Fonte: Folhapress

28 de junho

– Com apoio da Corte Suprema e do Congresso, militares depõem Zelaya e o enviam à Costa Rica; golpe é condenado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e pelos Estados Unidos.

– Roberto Micheletti, até então presidente do Congresso, assume como presidente interino e anuncia manutenção das eleições presidenciais marcadas para 29 de novembro

30 de junho – Assembleia Geral da ONU por unanimidade condena o golpe e pede a volta de Zelaya.

5 de julho

– Tentativa de retorno de Zelaya é abortada após golpistas interditarem pista de aeroporto; confrontos entre manifestantes pró-Zelaya e forças de seguranças deixam dois mortos.

7 de julho

– Zelaya abre diálogo com golpistas, sob mediação do presidente da Costa Rica, Óscar Arias, que propõe acordo. Não há consenso.

24 de julho

– Após marchar em caravana desde Manágua, Zelaya atravessa a fronteira hondurenha, onde fica por quase uma hora, mas recua.

12 de agosto

– Zelaya visita o Brasil e recebe apoio incondicional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

3 de setembro

– Americanos cancelam ajuda financeira e dizem que "no momento’’ não aceitariam os resultados da eleição prevista para 29 de novembro.

21 de setembro

– Zelaya retorna a Honduras em segredo e aparece na Embaixada do Brasil, que o abriga como hóspede junto com dezenas de apoiadores.

27 de setembro

– Micheletti publica decreto revogando liberdades civis em Honduras e dá ultimato de dez dias para Brasil definir status de Zelaya; dias depois, governo interino recua das duas medidas.

8 de outubro

– Missão da OEA deixa Tegucigalpa sem conseguir promover acordo entre as partes.

12 de outubro

– Golpistas e partidários de Zelaya chegam a pré-acordo para colocar fim à crise, mas decisão sobre quem deve validar o pacto – o Congresso ou a Justiça– impede assinatura.

21 de Outubro

– Brasil denuncia na OEA que ocupantes de embaixada são alvo de "tortura psicológica’’ por militares, que usam artifícios como emissão constante de som alto durante a madrugada e restrição à entrada de alimentos.

– Na mesma reunião, representante dos EUA diz que "povo hondurenho’’ quer eleições, num indício de que Washington cogita aceitar vali­­­­dade do pleito de 29 de novembro mesmo sem a restituição de Zelaya.

23 de outubro

– Impasse continua, e Zelaya declara rompido diálogo; Micheletti propõe renúncia dele e de Zelaya, mas deposto recusa.

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