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Chileno José Miguel Insulza, da OEA, e sua assistente Carmen Lucía de la Pava, em reunião | Karen Bleier/AFP
Chileno José Miguel Insulza, da OEA, e sua assistente Carmen Lucía de la Pava, em reunião| Foto: Karen Bleier/AFP

Análise

"Não houve arranhão na Constituição", diz o ex-presidente FHC

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que o Mercosul deveria ter agido preventivamente para construir um espaço político e não a posteriori, suspendendo o Paraguai do bloco após o impeachment de Fernando Lugo.

Segundo FHC, que se encontrou com o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, na véspera, "quem tem que discutir [se houve desrespeito ao direito de defesa] são as cortes paraguaias".

Como faltavam apenas dez meses para as eleições, Brasil, Argentina e Uruguai, afirmou o ex-presidente, deveriam ter mandado uma missão conciliadora entre Lugo e o Congresso, "em termos cívicos, sem imposição".

"Não sou advogado. Mas, pelo que li, não houve arranhão na Constituição paraguaia. Houve um processo político, que causou perplexidade pela velocidade da aplicação da medida. A Constituição não define nada, garante ampla liberdade de defesa (...) O limite de você manter a regra do jogo e a ingerência é delicada" afirmou o ex-presidente, em Washington para receber um prêmio de contribuição às Ciências Sociais.

FHC criticou a entrada da Venezuela no Mercosul após a suspensão paraguaia. Ele disse que a presença venezuelana é do interesse do Brasil, mas que o país não cumpriu integralmente as regras da união aduaneira.

O secretário-geral da Or­­ga­­­­nização dos Estados Ame­­ri­­canos (OEA), José Miguel In­­sulza, se manifestou ontem­­ con­­tra a suspensão do­­­­ Pa­­ra­­guai da entidade, em­­­­ reunião extraordinária do­­ Conselho Permanente do or­­ga­­nismo.

Insulza, que esteve na semana passada em Assunção para formar uma opinião sobre a legalidade do impeachment do presidente Fernando Lugo, considerou que uma "grave crise político-institucional" acarretou numa "ruptura profunda da política paraguaia", mas que o processo de deposição foi feito dentro da constitucionalidade. Ele admitiu, porém, que "a celeridade do processo foi muito inoportuna, configurando uma aura de ilegitimidade".

Sobre a possível suspensão, o secretário-geral afirmou que ela só traria perdas ao povo paraguaio, pelos graves prejuízos econômicos que traria o fechamento de canais do sistema interamericano, e afetaria o clima de normalidade institucional no país.

O chileno recomendou, porém, o envio o quanto antes de uma missão da OEA ao país para supervisionar os preparativos para a eleição presidencial de abril de 2013.

A recomendação de In­­sul­­­­za contraria decisões do­­­­ Mercosul e da União de­­ Nações Sul-Americanas (Una­­sul), que consideraram que a deposição de Lugo foi ilegal e suspenderam o Paraguai até as eleições.

O embaixador paraguaio na OEA, Hugo Saguier, saudou o relatório de Insulza e voltou a criticar os países do Mercosul, que desta vez chamou de "Tríplice Aliança mais um", em referência à decisão do bloco de incorporar a Venezuela após a suspensão do Paraguai, cujo Congresso ainda não havia ratificado a adesão de Caracas.

Já o ministro Breno Dias da Costa, chefe-interino da missão brasileira na OEA, ressaltou que essa era apenas a opinião de Insulza.

"Essa é uma opinião pessoal dele. Vai ser considerada junto com todas as outras. Ninguém solicitou a ele uma recomendação, era só um relato. Ninguém pediu uma análise", disse.

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