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Copenhague instalou sistema de trânsito e iluminação pública que economizam energia; luzes verdes facilitam trajeto de ciclistas | Sofie Amalie Klougart para The New York Times
Copenhague instalou sistema de trânsito e iluminação pública que economizam energia; luzes verdes facilitam trajeto de ciclistas| Foto: Sofie Amalie Klougart para The New York Times

Em uma rua movimentada da capital, uma sequência de luzes verdes instaladas na ciclovia pisca continuamente, ajudando os ciclistas a evitar os semáforos vermelhos.

Numa artéria viária que dá acesso ao centro, caminhoneiros podem ver nos seus smartphones quando o próximo sinal vai mudar. Num subúrbio nas imediações, luminárias públicas de LED se acendem apenas quando os veículos se aproximam, apagando-se assim que eles se afastam.

Instalados para economizar dinheiro, reduzir o uso de combustíveis fósseis ou facilitar a mobilidade, esses equipamentos são parte de uma crescente rede sem fio, composta por postes de luz e sensores, que, segundo as autoridades, poderá ajudar a cidade, de 1,2 milhão de habitantes, a atingir sua meta ambiciosa de se tornar até 2025 a primeira capital do mundo neutra em carbono.

A rede poderá futuramente servir para outras funções, como alertar o departamento de limpeza sobre quando esvaziar as lixeiras e informar os ciclistas a respeito da rota mais tranquila ou mais rápida até seu destino. Tudo isso é possível por meio de um conjunto de sensores inseridos em luminárias que coletam dados e os enviam a programas de computador.

O sistema, ainda em seu estágio inicial, colocou Copenhague na vanguarda de uma corrida mundial para usar a iluminação pública como base para uma vasta rede capaz de coordenar uma grande quantidade de funções e serviços: aliviar congestionamentos, prever em quais ruas jogar sal antes de uma tempestade de neve ou —algo que alarma defensores da privacidade— identificar comportamentos suspeitos.

A expectativa para os próximos três anos é que, em todo o mundo, as cidades substituam 50 milhões de luminárias antigas por outras de LED, sendo praticamente metade delas na Europa. Algumas prefeituras estão interessadas principalmente em trocar tecnologias superadas por outras que consumam menos energia e possam durar décadas. Mas várias cidades desejam tirar proveito dos componentes eletrônicos das luminárias de LED, que são mais propícios à comunicação sem fio do que os outros tipos.

Los Angeles, por exemplo, já substituiu praticamente toda a sua iluminação pública ao ar livre por LED e está usando sensores embutidos no pavimento para detectar congestionamentos e sincronizar semáforos.

Observando essa demanda, empresas de software e de tecnologia estão se esforçando para atender ao mercado. "É agora ou nunca", disse Munish Khetrapal, um dos líderes do chamado "esforço para cidades inteligentes" da Cisco Systems. "Se você perder a oportunidade, vai levar mais 20 anos." A empresa, que há anos se dedica a criar aplicativos para cidades inteligentes, está trabalhando com mais de cem prefeituras, segundo Khetrapal.

No centro de Copenhague, as autoridades de trânsito estão testando várias opções, incluindo uma com o objetivo de evitar que os caminhões precisem parar nas vias principais, o que representaria uma economia de combustível.

Numa manhã recente, o caminhoneiro Lennart Jorgensen acelerava e reduzia a velocidade de seu veículo enquanto prestava atenção nos próximos semáforos e num gráfico do seu smartphone que indicava quanto tempo levaria para o sinal mudar.

A cidade também está testando sistemas que darão prioridade a ônibus ou bicicletas em cruzamentos durante certos horários. Além disso, já foi instalado um dispositivo que avisa os caminhoneiros sobre a presença de ciclistas em uma faixa para conversão à direita.

A disponibilidade e o alcance das redes elevam o risco de que o monitoramento possa ir longe demais, rastreando as ações de pessoas, segundo defensores da privacidade. Mas Bjorn Klüver, 33, afirma não ter preocupações quanto ao crescente uso de sensores em geral. Ele trocou o carro por uma bicicleta elétrica para seu trajeto diário de 26 km até o trabalho. Também pegou um dos aparelhos de GPS que funcionários do departamento de transportes distribuíam certo dia na rua, na esperança de ajudar a cidade a melhorar o sistema.

"Estou contribuindo, basicamente, ao passar a eles informações sobre os meus tempos de deslocamento", afirmou Klüver. "Tudo o que eles sabem é onde a bicicleta está."

Copenhague também está desenvolvendo um sistema que possa automaticamente dar a grupos de cinco ou mais ciclistas o direito de passagem em cruzamentos.

"Se você segue as luzes verdes, pode manter sua velocidade", disse o enfermeiro Claus Deichgraeber, 30. Embora costume ir de ônibus para o trabalho —"Consigo colocar os fones de ouvido e simplesmente relaxar"—, ele frequentemente usa sua bicicleta. Ao contrário de muitos outros moradores daqui, contudo, ele disse usar capacete. "No meu trabalho, vejo o que acidentes de trânsito fazem com as pessoas."

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