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Bagdá – Homens armados vestidos como policiais iraquianos seqüestraram ontem um número que pode chegar a até 150 pessoas em um instituto de pesquisa do governo, no edifício anexo ao Ministério da Educação Superior, em Bagdá. Pode ser o maior seqüestro em massa do Iraque desde o início da guerra.

O parlamentar Alaa Makki, líder do comitê de educação, interrompeu a sessão de ontem para dar a notícia ao Congresso. Makki pediu uma ação rápida do primeiro-ministro, Nouri Al Maliki, para responder ao que chamou de "catástrofe nacional’’.

Paralisia

Horas depois da ação, o ministro de Ensino Superior do Iraque, Abed Theyab, anunciou que as universidades públicas do país permanecerão fechadas até que existam garantias de segurança para funcionários, professores e estudantes.

"Não estou disposto a ver mais professores assassinados. Tenho apenas uma escolha: a suspensão das aulas", declarou Thayeb, que pediu aos ministérios da Defesa e de Interior que protejam as universidades e os departamentos ministeriais. Cinco homens do alto comando policial foram responsabilizados pelo episódio e estão detidos.

Libertação

À tarde, pelo menos 15 seqüestrados foram libertados, três deles perto do hospital Al Kindi, no centro da capital. Segundo um médico, o grupo chegou em uma caminhonete. "Tinham os olhos vendados e estavam em estado de choque", explicou. Doze pessoas foram encontradas no bairro de Karrada, próximo do local onde ocorreu o seqüestro, também com os olhos vendados.

Os reféns libertados declararam à polícia que os seqüestradores ainda mantinham sob sua mira umas 40 pessoas, levadas em caminhonetes para locais desconhecidos. Com base nos relatos, o governo iraquiano chegou a declarar que o total de reféns não passaria de 50.

Segundo Makki, o líder do comitê de educação no Parlamento, o grupo armado tinha uma lista de nomes de pessoas a serem capturadas e disse estar em uma missão anticorrupção. Entre os reféns estão vice-diretores gerais, empregados e até visitantes do instituto de pesquisa.

Policiais e testemunhas afirmaram que o bando bloqueou as vias no entorno do prédio. O porta-voz da polícia, major Mahir Hamad, disse que o ataque durou cerca de 20 minutos.

Quatro guardas que faziam a segurança do instituto de pesquisa não ofereceram resistência e foram desarmados, segundo Hamad. Não há relato de mortos ou feridos.

Uma professora que visitava o local na hora dos seqüestros disse que o bando separou homens e mulheres, os algemaram e depois levaram as vítimas em cerca de seis caminhonetes.

Alvo

Aparentemente, os seqüestros são parte de uma série de ataques perpetrados recentemente contra acadêmicos iraquianos, que têm forçado milhares de professores e pesquisadores a fugir para países vizinhos. Desde o início da guerra, ao menos 155 educadores foram assassinados no Iraque.

Especula-se que os acadêmicos tenham sido escolhidos pelo status relativamente alto no serviço público, pela vulnerabilidade e por condenarem, em geral, o aprofundamento do fundamentalismo islâmico no Iraque.

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