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JERUSALÉM - O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, de 77 anos, está em estado crítico na UTI de um hospital de Jerusalém, após ter sido operado pela segunda vez na tentativa de se conter pontos de hemorragia cerebral. Sharon teve um derrame extenso na noite de quarta-feira - o segundo em três semanas; o primeiro havia sido brando. Exames de tomografia revelaram que a primeira cirurgia, que durou seis horas, não conseguiu conter o sangramento. A segunda operação, nesta manhã, durou mais três horas. Apesar de Sharon ter emergido da sala de cirurgia em condição estável, as expectativas de especialistas médicos, analistas políticos e da opinião pública israelense é de que ele jamais se recupere a ponto de reassumir suas funções. No início da tarde (horário local, por volta das 10h30 em Brasília), um novo boletim médico informou que Sharon permaneceria sedado e conectado a um respirador por pelo menos mais 24 horas.

A morte de Sharon ou o fim de sua carreira política lançam a região em profunda incerteza. Para a cena política de Israel, seria uma reviravolta, a pouco mais de dois meses de eleições em que o recém-criado partido de Sharon, o Kadima, tinha grandes chances de vencer o conservador Likud. Em relação ao conflito com os palestinos, o que se espera é um revés nos esforços de paz, especialmente às portas de uma eleição parlamentar que pode consolidar o poder político do Movimento de Resistência Islâmica, o Hamas.

Em seu site na internet, o jornal "Haaretz" disse que o derrame deixou metade do corpo de Sharon paralisada. O risco de morte é muito grande e, ainda que ele sobreviva, é improvável que suas faculdades mentais ou motoras não tenham sido seriamente prejudicadas.

"Com todo o cuidado devido, parece que a era de Sharon na liderança de Israel chegou a um fim trágico", escreveu Aluf Ben, setorista de questões diplomáticas do "Hareetz".

O jornais de maior circulação de Israel, o "Yedioth Ahronoth", resumiu a condição de Sharon numa manchete contundente: "A Batalha Final".

O premier interino Ehud Olmert já está preparando os ânimos para uma transição.

- Israel, através de sua determinação e força, vai ser capaz de lidar com essa situação difícil - disse Olmert ao gabinete.

Após a segunda cirurgia, porém, a equipe que atende Sharon no Hospital Hadassah recusou-se a traçar um prognóstico, limitando-se a dizer que a condição dele é gravíssima, mas estável.

- O primeiro-ministro fez uma tomografia que mostrou que a hemorragia foi estancada - disse Shlomo Mor-Yosef, diretor do hospital que, durante a crise, está cumprindo o papel de porta-voz. - Ele foi levado para a unidade de emergência neurológica para observação. Todos os sinais vitais estão funcionais e estáveis. O primeiro-ministro está numa situação crítica.

Algumas horas depois, Mor-Yosef retornou para dirimir rumores sobre uma piora de Sharon.

- A condição do primeiro-ministro é ainda crítica, mas estável - disse o médico.

Ele informou que o premier vai continuar "sob sedação profunda e num respirador por pelo menos as próximas 24 horas", como parte de seu tratamento na UTI.

Mor-Yosef disse que o objetivo desse informe era calar rumores que haviam surgido sobre uma possível piora de Sharon desde a primeira operação. Mais uma vez, ele não deu informações sobre seqüelas que se pode esperar. Também não fez qualquer prognóstico sobre sua recuperação. Ele disse que, naquele momento, a intenção dos médicos é manter a pressão no cérebro a mais baixa possível.

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