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| Foto: Max Rossi/Reuters

O ex-premiê italiano Silvio Berlusconi sempre está disposto a estender uma mão. À Itália, ao atual primeiro-ministro Mario Monti, a seu próprio partido. Mas, às vezes, essa mãozinha pode ser para seu próprio benefício.

Apenas algumas horas antes de partir para a crucial cúpula da União Europeia em Bruxelas, neste fim de semana, o atual chefe do governo italiano convidou seu antecessor para um almoço no Palácio Chigi, sede do governo, em Roma. Queria que Berlusconi participasse do momento, e queria lhe pedir de maneira diferente que, no possível, ajudasse no jogo.

Como não podia ser diferente, após sair do encontro, Berlusconi procurou as câmeras de TV e criticou Monti, dizendo que ele não tinha um plano definido para a cúpula. Apesar disso, um pouco depois, na tribuna do Congresso, Monti voltou a se referir ao cavaliere com todo o respeito: "Tive o prazer de encontrar o presidente Berlusconi...", afirmou.

Desde que chegou ao poder, Monti soube converter a deficiência alheia em sua própria força. De fato, uma parte do apoio que recebe dos partidos - da esquerda e da direita - vem de sua própria incapacidade para governar, todos envoltos em disputas internas e casos de corrupção. Além disso, o governo tecnocrata está fazendo medidas duríssimas que nenhum partido com intenção de ganhar eleições faria com agrado.

Como se fosse pouco, as últimas eleições municipais deixaram sinais de saciedade dos italianos com a política tradicional. As listas cidadãs agrupadas sob o Movimento 5 Estrelas do comediante Beppe Grillo colheram notáveis triunfos. Agora, para completar o quadro, Silvio Berlusconi acredita ter visto em todo esse contexto uma oportunidade para retornar.

Aos 75 anos, com processos judiciais ainda pendentes e ante o desconcerto de seu próprio partido, o antigo primeiro-ministro ameaça uma volta, mais populista que nunca. Aproveitando as vacas magras para falar do euro, instigar os maus instintos contra a Alemanha ou tentar ridicularizar o novo governo.

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