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O sindicalista venezuelano Emilio Negrin, durante entrevista à EFE em 20 de julho de 2021, em Caracas (Venezuela)
O sindicalista venezuelano Emilio Negrin, durante entrevista à EFE em 20 de julho de 2021, em Caracas (Venezuela)| Foto: Manaure Quintero/Agência EFE/Gazeta do Povo

Nicolás Maduro começou sua vida política fazendo militância como líder de um sindicato de motoristas de ônibus na Venezuela, mas a perseguição a sindicalistas venezuelanos durante os oito anos de seu governo desfez a imagem de "presidente da classe trabalhadora".

Em entrevista à agência EFE, o advogado e membro da Coalizão Sindical de Venezuela Emilio Negrín denunciou que há 151 líderes sindicalistas, de várias classes profissionais, detidos no país, 11 dos quais foram presos neste ano.

"São trabalhadores que estão em um limbo jurídico porque nenhum dos procedimentos penais estabelecidos na Constituição foi cumprido. Há detentos que ficam um ano sem audiência preliminar", disse, explicando que eles geralmente são acusados ​​de incitação ao ódio, associação criminosa e terrorismo.

A ONG Foro Penal também afirmou que líderes sindicais que contestam o regime são alvo frequente de prisões arbitrárias. Em entrevista à Gazeta do Povo, o diretor da organização venezuelana de direitos humanos, Alfredo Romero, citou dois casos que ganharam repercussão internacional: as prisões de Eudis Girot, presidente da Federação Unitária dos Trabalhadores do Petróleo da Venezuela (Futpv), e de Robert Franco, líder de um sindicato regional de professores.

Girot, conhecido por criticar a má gestão da PDVSA, a estatal petrolífera da Venezuela, foi preso em novembro do ano passado. Na cadeia, ele escreveu uma carta alegando que foi preso por levantar sua voz "contra as políticas criminosas e anti-operárias que sujeitaram os trabalhadores e o povo à fome, à miséria e à morte". O julgamento dele deve iniciar em agosto.

O professor Robert Franco foi detido em dezembro do ano passado, no estado de Sucre, acusado de "traição à Pátria". Sindicatos de professores que frequentemente protestam por melhores salários na Venezuela também pedem pela liberação de Franco e o consideram um preso político.

Negrín disse à EFE que, além das prisões, há vários relatos de ameaças contra líderes sindicais, principalmente no interior do país, onde as consequências da crise venezuelana são mais profundas e é preciso lidar diariamente com falta de eletricidade, água, gás, gasolina e serviços públicos.

A grande maioria dos presos políticos na Venezuela é formada por cidadãos que não pertencem a algum partido, mas que criticaram a ditadura venezuelana em algum momento: há indígenas presos, sindicalistas, militares acusados de rebelião, moradores que participaram de protestos contra o regime.

O objetivo da ditadura de Nicolás Maduro ao prender essas pessoas que, em sua maioria, não estão ligadas a partidos políticos, é intimidar a população para evitar protestos, diminuindo as chances de uma reação da oposição.

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