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Fuga

País passa por "massacre indiscriminado", diz fotógrafo inglês

Charles Platiau/Reuters

Colegas e parentes recebem em Paris a jornalista francesa Edith Bouvier, que ficou ferida durante bombardeio na Síria e foi retirada do país pelos rebeldes

O fotógrafo inglês Paul Conroy, 47 anos, ferido em um bombardeio na cidade de Homs, na Síria, afirmou ontem que os ataques contra o bairro de Baba Amro são "um massacre indiscriminado", em entrevista à emissora de televisão britânica Sky News.

Conroy, que foi resgatado por ativistas na última terça, foi atingido em ataque das forças de segurança do ditador Bashar Assad no último dia 22. "Já trabalhei em muitas zonas de guerra e nunca vi ou estive em bombardeios como esses. Eram sistemáticos".

O jornalista descreveu a situação humanitária da região como "uma catástrofe".

"Continuam existindo milhares de pessoas em Homs, morando em meio a ruínas, seis crianças por cama, quartos cheios de gente esperando para morrer. Não veem nenhum alívio, nada, só esperar o momento que entrem os soldados ou que a bomba passe pela porta".

Franceses

O avião do governo francês com os dois jornalistas franceses retirados da cidade síria de Homs chegou na tarde de ontem em Paris. A repórter Edith Bouvier, cujo fêmur foi quebrado durante forte bombardeio, em Homs, e o fotógrafo William Daniels foram levados por rebeldes sírios para a fronteira com o Líbano na quinta-feira.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha informou ontem que está com os restos mortais dos dois repórteres mortos no mesmo bombardeio que feriu Bouvier na semana passada. A notícia contraria a informação dada inicialmente por ativistas sírios, que comunicaram o enterro da jornalista americana Marie Colvin e do fotógrafo francês Rémi Ochlik no cemitério do bairro de Baba Amro, em Homs.

O governo sírio barrou a entrada de um comboio humanitário da Cruz Vermelha no devastado distrito de Baba Amro, da cidade de Homs, que há quase um mês está sob bombardeio. O presidente do Comitê Internacional da Cruz Ver­­melha, Jakob Kellenberger, qualificou o atraso na ajuda hu­­manitária de "inaceitável".

Segundo relatos não confirmados, soldados realizaram execuções sumárias e buscas em Ba­­ba Amro.

Não está claro por que o Exér­­cito barrou a ajuda. Um dia an­­tes, o governo havia prometido autorizar sua entrada. O atraso levou opositores a acusar o regime de tentar ocultar indícios de execuções.

Na quinta-feira, uma ofensiva do regime obrigou as forças do Exército Livre da Síria (ELS) a abandonar o bairro, que nas últimas semanas tornara-se o principal reduto da oposição na cidade.

"As baixas civis foram claramente pesadas. Nós continuamos a receber relatos terríveis de execuções sumárias, detenções arbitrárias e tortura", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Segundo Kellenberger, o comboio com sete caminhões da Cruz Vermelha e ambulâncias do Cres­­cente Vermelho (versão síria da organização) foi enviado de ma­­nhã e esperou o dia inteiro para entrar.

"Ficaremos esta noite em Homs na esperança de entrar em Baba Amro muito em breve", disse, em comunicado.

Nesta semana, a ONU atualizou para 7.500 o número de mortos pelas forças de segurança desde o início da revolta, há quase um ano. Ativistas relatam que ao menos 35 sírios morreram on­­tem.

Sinais de impaciência com o regime começam a surgir até da Rússia, um dos países mais relutantes em aumentar a pressão a Damasco. "Não temos uma relação especial com a Síria", disse o premiê Vladimir Putin, negando-se a prever o tempo que resta a Assad.

Embaixada

A França fechou sua embaixada na Síria com o objetivo de denunciar o "escândalo da repressão" por parte do regime de Bashar Assad contra sua população. "Jun­­to com o ministro das Relações Exteriores Alain Juppé tomamos a decisão de fechar nossa embaixada na Síria", declarou o presidente Nicolas Sarkozy.

"É um escândalo, são mais de 8 mil mortos, sendo centenas de crianças, e a cidade de Homs está ameaçada de ser riscada do mapa, é algo totalmente inaceitável", insistiu.

Apesar da situação crítica, as potências ocidentais têm descartado uma intervenção militar, como a que ocorreu na Líbia. A Arábia Saudita e outros países árabes defendem a intervenção e a entrega de armas aos oposicionistas.

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