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A Síria protestou nesta quinta-feira (31) junto à Organização das Nações Unidas (ONU) por causa de um bombardeio aéreo israelense em seu território e alertou para uma possível "surpresa" como resposta.

A chancelaria síria convocou o chefe da missão militar da ONU nas colinas do Golã - território sírio ocupado por Israel - e manifestou seu protesto, um dia depois de Israel atingir um local que Damasco afirmou ser um centro de pesquisas militares, mas que diplomatas descreveram como um comboio de armas na direção do Líbano.

"A Síria responsabiliza plenamente Israel e aqueles que o protegem no Conselho de Segurança pelos resultados dessa agressão e afirma seu direito de defender a si, a sua terra e a sua soberania", disse a nota de protesto, segundo a TV síria.

O ministério apontou no incidente de quarta-feira (30) uma violação de um acordo militar de 1974 que se seguiu à última grande guerra entre os dois países. Damasco também exigiu que o Conselho de Segurança condene inequivocamente o bombardeio.

O secretário-geral da ONU, Ban ki-moon, manifestou "grave preocupação" e pediu respeito ao direito internacional e à soberania. "O secretário-geral pede a todos os envolvidos que evitem tensões ou sua escalada", disse seu gabinete.

Israel manteve total silêncio sobre o ataque, como já ocorrera em 2007, quando bombardeou uma suposta instalação nuclear síria. Damasco não retaliou àquele ataque.

O embaixador sírio em Beirute disse nesta quinta-feira que seu país pode "tomar uma decisão de surpresa de reagir à agressão dos aviões de guerra israelenses". Ele não deu detalhes, mas disse que a Síria estava "defendendo sua soberania e sua terra".

Diplomatas, rebeldes sírios e forças de segurança disseram na quarta-feira que jatos israelenses bombardearam um comboio próximo à fronteira libanesa, aparentemente atingindo armas destinadas ao Hezbollah. A Síria negou essas versões, dizendo que o alvo foi um centro de pesquisas militares a noroeste de Damasco, a 13 quilômetros da fronteira.

O governo sírio enfrenta atualmente uma rebelião armada que, segundo a ONU, já matou 60 mil pessoas. O Hezbollah, grupo xiita do Líbano que em 2006 travou uma guerra de 34 dias com Israel, é aliado do presidente sírio, Bashar al-Assad, e divulgou nota na quarta-feira reiterando sua "total solidariedade com a liderança, o Exército e o povo da Síria".

Rússia e Irã, outros aliados do regime sírio, também condenaram Israel pelo bombardeio.

Detalhes do bombardeio de quarta-feira continuam confusos e contraditórios. Rebeldes sírios chegaram a dizer que o ataque foi de sua autoria, com morteiros, e não dos aviões de Israel. A TV síria disse que duas pessoas morreram.

Uma mulher que mora perto do local atacado disse, pedindo anonimato, que houve fortes explosões durante a madrugada, mas não soube dizer se ocorreu um ataque aéreo ou terrestre.

"Estávamos dormindo. Aí começamos a ouvir foguetes atingindo o complexo, o chão começou a tremer, e corremos para o porão."

Os jornais israelenses se limitaram nesta quinta-feira a citar os relatos da imprensa estrangeira sobre o ataque. Os jornalistas de Israel são obrigados a submeter suas reportagens sobre temas militares e de segurança à censura, que tem o poder de proibir a publicação de qualquer matéria que seja considerada comprometedora para a segurança do Estado.

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