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Manifestantes e familiares de vítimas se reuniram em frente ao tribunal em Koblenz, Alemanha, durante o julgamento de ex-oficial sírio que foi condenado por crimes contra a humanidade, 13 de janeiro
Manifestantes e familiares de vítimas se reuniram em frente ao tribunal em Koblenz, Alemanha, durante o julgamento de ex-oficial sírio que foi condenado por crimes contra a humanidade, 13 de janeiro| Foto: EFE/EPA/SASCHA STEINBACH

Um tribunal da Alemanha condenou nesta quinta-feira Anwar Raslan, um ex-coronel da Síria, a prisão perpétua por crimes contra a humanidade cometidos em uma prisão em Damasco durante o conflito no país.

Anwar Raslan, que era um oficial da inteligência do regime sírio que posteriormente desertou e ganhou asilo na Alemanha, foi considerado culpado pela corte regional de Koblenz por ter supervisionado o assassinato de pelo menos 27 presos e a tortura de ao menos outras 4 mil pessoas no presídio na capital síria, entre abril de 2011 e setembro de 2012.

Essa é a primeira vez que uma alta autoridade do regime de Bashar al-Assad é considerada culpada de crimes contra a humanidade. A decisão foi considerada "histórica" pela alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet.

"O veredicto de hoje deve servir para impulsionar todos os esforços para ampliar a rede de responsabilização de todos os perpetradores dos crimes indescritíveis que caracterizaram este conflito brutal", afirmou Bachelet.

O tribunal concluiu que Raslan comandava os interrogatórios no presídio Al Khatib, também chamado de Branch 251, na cidade de Douma, região de Damasco, para onde eram levados opositores suspeitos de participar de protestos. O local se tornou símbolo do tratamento brutal dispensado pelo regime para conter manifestações.

Os advogados de Raslan, de 58 anos, pediram que os juízes absolvessem o réu, argumentando que ele nunca torturou pessoalmente alguém e que desertou ao final de 2012.

"No dia de hoje, este veredicto é importante para todos os sírios que sofreram e ainda sofrem com os crimes do regime de Assad", disse Ruham Hawash, sobrevivente das torturas no presídio e uma dos 24 ex-detentos que testemunharam no julgamento.

"Inicialmente, esperávamos um julgamento no tribunal criminal internacional, mas este é um passo importante", disse Hussein Ghrer, também ex-detento do Branch 251.

"Finalmente, temos uma convicção oficial dizendo que esses indivíduos cometeram crimes no contexto dos ataques em massa contra sírios e crimes sistemáticos contra a humanidade. Eu acredito que esta é a coisa mais importante para se trabalhar no futuro", afirmou Ghrer, de acordo com o jornal The Guardian.

Durante os 108 dias do julgamento, foram ouvidos os relatos de cerca de 50 testemunhas, que descreveram a violência e os abusos cometidos contra os detentos.

Em 2012, Raslan fugiu para a Jordânia, e em 2014 recebeu asilo por motivos humanitários na Alemanha, onde afirmou que não tentou esconder o seu passado.

A polícia federal da Alemanha começou a investigar Raslan em 2017, depois que ele descreveu as suas funções no sistema de segurança da Síria durante uma entrevista com a polícia de Stuttgart. Ele foi preso em 2019.

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