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Manifestantes protestam contra o governo de Bashar al-Assad: 35 teriam morrido nesta sexta-feira na Síria pela repressão do atual governo | Reuters/Divulgação
Manifestantes protestam contra o governo de Bashar al-Assad: 35 teriam morrido nesta sexta-feira na Síria pela repressão do atual governo| Foto: Reuters/Divulgação

Ao menos 35 pessoas morreram em atos violentos na Síria nesta sexta-feira (3), dia em que se lembrou o 30º aniversário do massacre de Hama, enquanto no nível diplomático a Rússia bloqueou um projeto de resolução da ONU que previa uma "transição política" como solução para a crise.

Com o lema "Hama, nos perdoe", oponentes do regime pediram aos manifestantes para usar preto e marchar em homenagem às pessoas que morreram em 1982 no massacre ordenado por Hafez, pai do presidente Bashar al-Assad.

Milhares de manifestantes foram à marcha em Hama, onde segundo as estimativas, entre 10.000 e 40.000 pessoas morreram durante a campanha repressiva, que durou 27 dias.

Segundo os ativistas, houve manifestações em outros lugares do país, como Qamishli no norte e Deir Ezzor, no leste.

"Hafez está morto, Hama não! Bashar vai morrer e a Síria não!" diziam cartazes carregados por manifestantes no distrito de Al-Kidam, em Damasco, de acordo com um vídeo postado na internet pelos militantes. "A punição coletiva não vai funcionar dessa vez!", podia ser lido em outro.

Pelo menos 16 pessoas foram mortas nesta sexta-feira, informou o opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede no Reino Unido. Na província de Damasco, cinco civis morreram em Daraya e dois em Duma. Perto da capital dois civis morreram na cidade de Ranjus, que continua sitiada pelo exército.

Na região de Idleb (noroeste), duas crianças morreram pela explosão de um artefato, e um jovem morreu atingido por tiros quando as forças de segurança atacaram um povoado. Em Alepo (norte), três civis morreram.

Osama Shami, porta-voz dos ativistas na região de Damasco, disse que houve várias manifestações na capital, e que as forças de segurança dispararam contra as pessoas reunidas.

Mobilização

A mobilização não se enfraquece, apesar da repressão do regime, que segundo os opositores deixou ao menos 6.000 mortos em mais de 10 meses e enquanto a comunidade internacional não consegue se unir para colocar fim à violência.

A posição da Rússia, aliado tradicional da Síria, é o principal obstáculo. Moscou informou que não pode apoiar tal como está o projeto de resolução sobre a Síria no Conselho de Segurança.

Mas a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e seu colega russo, Serguei Lavrov, tiveram uma "conversa construtiva", anunciou o Departamento de Estado americano nesta sexta-feira.

Na nova versão do projeto de resolução, o Conselho de Segurança não pede explicitamente que o presidente Bashar al Assad deixe o poder, nem menciona um embargo de armas nem sequer novas sanções. Mas "apoia plenamente (...) a decisão da Liga Árabe de 22 de janeiro de 2012 de facilitar uma transição política dirigida pelos próprios sírios".

No entanto, o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Guennadi Gatilov, declarou nesta sexta-feira que a Rússia não pode apoiar o novo projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU como está.

"Recebemos (o projeto marroquino de resolução). Foram levadas em conta algumas de nossas preocupações, mas não é suficiente para que possamos apoiá-lo tal como está", declarou Gatilov, citado pela agência Interfax. Gatilov acrescentou que não está previsto que esse texto seja votado nos próximos dias.

O Human Rights Watch (HRW) disse em um relatório publicado nesta sexta-feira que crianças com idades a partir de 13 anos são um alvo particular no uso "excessivo" de tortura por forças do governo no combate às forças de oposição.

Enquanto a ONU diz que centenas de crianças foram mortas na repressão, o HRW destacou casos de crianças baleadas em suas casas, nas ruas ou capturadas em escolas.

O grupo documentou 12 casos de crianças sendo torturadas em centros de detenção e disse que muitas outras sofreram tratamento semelhante. "Em muitos casos, as forças de segurança visam às crianças assim como fazem com adultos", disse Lois Whitman, diretor do direito das crianças da organização com sede em Nova York.

"Crianças, algumas com 13 anos, contaram ao Human Rights Watch que oficiais as mantiveram em regime de solitária, as agrediram gravemente, as eletrocutaram, as queimaram com cigarros e as deixaram penduradas por algemas por horas, centímetros acima do chão", disse o relatório.

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