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O líder do partido Vox, Santiago Abascal, vota na eleição da Espanha
O líder do partido Vox, Santiago Abascal, vota na eleição da Espanha: nova força política. Foto: Oscar del Pozo/AFP.| Foto: AFP

A Espanha vai às urnas neste domingo (28) diante de um cenário de indefinição sobre qual será o novo governo. Mas com a certeza de que o novo Parlamento será pulverizado entre várias siglas e que haverá um crescimento da extrema-direita, representada pelo partido Vox.

As pesquisas eleitorais indicam que as duas maiores siglas do país – o esquerdista PSOE e o direitista PP, que se alternam no poder há décadas – devem fazer um número muito parecido de cadeiras no Legislativo, com uma leve tendência para o partido da esquerda ter mais parlamentares.

Seja qual for o vencedor, tanto o PSOE quanto o PP terão de formar uma coalizão com outras legendas para indicar o primeiro-ministro. As pesquisas indicam que pelo menos três siglas devem ter votações expressivas: Ciudadanos Unidos (de centro-direita), Unidos Podemos (esquerda) e o Vox.

Dependendo dos acordos políticos que venham a ser costurados no pós-eleição, mesmo que o PSOE venha a ganhar a eleição, pode não conseguir formar um governo. Os analistas políticos inclusive apostam que o novo governo será de direita. O atual premiê espanhol, Pedro Sánchez, é do PSOE.

O que defende o Vox

O Vox pode ser a grande novidade desta eleição. As pesquisas indicam que a sigla pode ficar com cerca de 10% das cadeiras do Parlamento.

Fundado em 2013 por ex-militantes do PP, a sigla defende uma política de imigração mais severa e faz críticas à União Europeia. O Vox ainda rejeita leis que protejam as mulheres contra a violência doméstica. Mas a principal bandeira da legenda é seu posicionamento contra o separatismo catalão. Javier Ortega, secretário-geral do Vox, quer que os partidos secessionistas sejam banidos.  O Vox também encarna o sentimento popular contra a política de modo geral e, em particular, a esquerda, o socialismo e o progressismo de costumes.

Em 2015, o partido considerado de extrema-direita pela imprensa internacional tinha apenas dois mil filiados. Hoje são 50 mil. E o lugar onde mais a sigla cresce é a Andaluzia, que já foi reduto da esquerda espanhola. Em dezembro, o Vox conquistou 12 cadeiras no Congresso regional de Andaluzia.

Foi a primeira vez que um partido obteve representação parlamentar na Espanha desde 1982. Até então, o país que havia passado por três décadas da ditadura de Francisco Franco, vinha resistindo à onda populista de direita que chegou à Europa. 

Fórmula de sucesso: líder de imagem virtuosa e redes sociais

Muito da popularidade do Vox se deve à imagem de um líder virtuoso e de retórica poderosa. Santiago Abascal, presidente do partido, é elegante e inteligente. Filho de um político basco do PP, sofreu diversas ameaças de morte e chegou a carregar uma pistola para se proteger.

Mas o Vox também faz das redes sociais seu maior trunfo. O perfil da legenda do Instagram conta com mais de 250 mil seguidores. O Vox também mantém um contato direto com seus eleitores por mensagens de WhatsApp.

Com essa estratégia de comunicação pelas redes sociais, o Vox vem conquistando parte dos jovens e não apenas os eleitores mais velhos, saudosos dos tempos do franquismo.

"Meu voto é do Vox, claro. As pessoas pensam que os eleitores do partido são todos velhos e conservadores. Preciso de emprego e quero um país melhor para meus filhos. Aqui tem muito imigrante. Não acho certo", afirma o estudante andaluz Juan Ortega, de 23 anos. Na Espanha, as taxas de desemprego entre os jovens são elevadas.

Nas ruas de Madri, dezenas de jovens adeptos do Vox distribuem panfletos e oferecem informações sobre o partido. A estratégia é persuadir a classe trabalhadora, que ainda está indecisa.

Professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Nacional de Madri, Jaime Pastor Verdú afirma que, apesar do crescimento da extrema-direita na Espanha, ela não vai dar as cartas no país. "É impossível que o Vox tenha votos suficientes para formar o governo e indicar o primeiro-ministro da Espanha. A intenção do partido não é essa. O objetivo é crescer e conquistar visibilidade nacional", afirma.

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