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Poucas semanas depois de estrear nos Estados Unidos, a comédia "Par Perfeito" com Ashton Kutcher já estava divertindo as massas na Cuba comunista.

Com ingressos a dois pesos (9 centavos de dólar), o cinema estatal Yara, no centro de Havana, exibe uma versão desbotada do filme sobre um agente da Agência Central de Inteligência (CIA) que passa a ser perseguido.

"É um ótimo filme. Acabamos de recebê-lo em DVD", disse a mulher da bilheteria.

Nos Estados Unidos, o DVD de "Par Perfeito" só sai no próximo dia 7, e não poderá chegar legalmente a Cuba por causa do embargo norte-americano que já dura 48 anos. Enquanto as empresas norte-americanas perdem oportunidade de ganhar dinheiro na ilha, Cuba se torna um paraíso da pirataria.

O embargo proíbe, por exemplo, que a Microsoft exporte seus softwares para Cuba, mas a maioria dos computadores do país usa cópias ilegais do sistema Windows.

Em fevereiro, a TV estatal exibiu "Avatar", enquanto o filme ainda rompia recordes de bilheteria nas salas de cinema do mundo. Videogames de todos os tipos são vendidos pelo equivalente a 2 dólares.

"A realidade é que os produtos e serviços dos Estados Unidos estão por lá, sejam ou não vendidos pelas companhias que os fabricam", disse à Reuters Jake Colvin, vice-presidente de Questões Globais de Comércio do Conselho Nacional de Comércio Exterior, em Washington.

"O frustrante é que as empresas dos Estados Unidos não estão recebendo nada por isso."

A posição extraoficial do governo cubano é que o embargo limita o acesso a tantos produtos que as pessoas se veem obrigadas a recorrer à pirataria.Mas o regime também vê isso com certo agrado, o que é resultado tanto da hostilidade de meio século quanto um golpe no sistema capitalista que os líderes cubanos tanto desdenham.

Por outro lado, Cuba investe tempo e dinheiro para proteger marcas famosas do país, como os charutos Cohiba e o rum Havana Club, nos tribunais dos Estados Unidos.

O Conselho Nacional de Comércio Exterior diz que a falta de relações diplomáticas formais entre os dois países dificulta que as empresas dos Estados Unidos levem suas queixas às autoridades cubanas.

"Até que consertemos as relações, até que tenhamos governos que conversem entre si e tenham uma melhor relação oficial, e tenhamos regras que permitam às empresas interagirem e fazerem negócios em Cuba, não vamos conseguir resolver o problema", disse Colvin.

Mas o reatamento, quando acontecer, pode ter consequências dúbias para Cuba, segundo um engenheiro de computação da ilha, que pediu para não ser identificado.

"No dia em que finalmente resolvermos nossos problemas com os Estados Unidos, a Microsoft de Bill Gates vai tentar receber a fatura. E ela será enorme."

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