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Hugo Chávez pede que EUA enviem vacinas, e não tropas

O presidente venezuelano Hu­­go Chávez afirmou neste domingo que os esforços dos Estados Unidos no Haiti não são suficientes e disse ao presidente Ba­­rack Obama que "envie vacinas" em vez de soldados armados ao país caribenho. Chávez acusou os EUA de usarem o terremoto no Haiti como um pretexto para uma "ocupação imperial" na devastada nação. "Obama, envie vacinas, garoto, envie vacinas", disse Chávez. "Cada soldado que você envia deve levar um kit médico em vez de granadas e metralhadoras." Um contingente de 13 mil soldados norte-americanos está ajudando nos esforços de ajuda ao Haiti depois do terremoto de 12 de janeiro que deixou até 3 milhões de feridos ou desabrigados sem assistência médica, alimentos ou água. Chávez levantou dúvidas sobre a eficácia de um hospital norte-americano em barco enviado como parte do esforço, afirmando que os médicos dos Estados Unidos não são capazes de encontrar pacientes e precisaram pedir referência a médicos cubanos e venezuelanos. "Por quê? Por­­que eles não abrem caminho nos escombros, eles não vão aos bairros pobres, onde estão os corpos", afirmou. As redes de tevê venezuelanas têm feito a cobertura sobre o caso haitiano quase que exclusivamente sobre a presença norte-americana no país.

Reuters

Os haitianos se reuniram neste domingo nos locais de culto do país que continuam de pé para rezar e chorar pelos mor­­tos do terremoto do dia 12. Nos arredores da catedral de Porto Príncipe, centenas de pessoas oravam, cantavam e faziam um apelo à reconstrução do Haiti. As orações aconteceram na véspera de uma reunião de emergência em Montreal para coordenar a ajuda humanitária. Os "países amigos" do Haiti, entre os quais o Brasil, os Estados Uni­­dos e a Fran­­ça, se reunirão hoje para fazer um balanço da situação e coordenar a ajuda.A Espanha, as Nações Unidas e a Organização dos Estados Ame­­ricanos (OEA) também es­­tarão presentes no encontro em Montreal. Cerca de 20 países e organizações internacionais confirmaram presença na reunião.Um dos temas urgentes diz respeito às necessidades imediatas da população. Outro problema que a conferência deve discutir é o possível fluxo de refugiados e imigrantes haitianos a países da região, especialmente para a República Dominicana.

Outra conferência sobre o Haiti está prevista para março. "Não vamos reconstruir o Haiti de forma idêntica. Teremos que resolver os problemas estruturais. Não será um exercício apenas financeiro, vamos falar de governança e de cooperação regional", afirmou uma fonte diplomática francesa.

Resgate

Mais uma vida foi salva no Haiti no sábado, depois do fim das operações oficiais de resgate decretado pelo governo haitiano. Um homem de 25 anos foi retirado dos escombros de Porto Príncipe após passar 11 dias preso aos destroços. "Estou bem", disse aos repórteres, depois de ser salvo por uma equipe francesa auxiliada por americanos e gregos. Wismond Exantus contou que estava preso em um vão onde podia se mexer e bater em objetos para chamar a atenção. Ele disse ainda que sobreviveu bebendo Coca-Cola e comendo "algumas coisinhas", e que passava o tempo rezando, cantando salmos ou dormindo.

No total, 133 pessoas foram resgatadas dos escombros pelas equipes internacionais desde o terremoto, que deixou 112.226 mortos, mais de 194 mil feridos e um milhão de desabrigados. As equipes com material leve co­­meçaram a deixar o país, mas as que vieram com equipamento pesado passaram a ajudar na remoção dos escombros. Ao to­­do, 62 equipes de resgate estrangeiras ainda trabalham para en­­contrar sobreviventes na capital haitiana. Na sexta-feira foram encontrados com vida um ho­­mem de 22 anos e uma mulher de 84.

De acordo com o ministério haitiano do Interior, metade das casas de Porto Príncipe, Jacmel e Leogane – as três cidades mais afetadas pelo tremor –, estão destruídas. Na capital, os habitantes continuam enterrando seus mortos, e a vida está, aos poucos, voltando ao normal em alguns bairros. Mui­­tos ambulantes instalaram suas mercadorias nas calçadas da parte alta da capital, tu­­multuando o trânsito. A dis­­tribuição de alimentos, água, barracas e medicamentos se intensificou. Quase 610 mil pessoas estão alojadas em 500 acampamentos, e mais de 30 hospitais com capacidade ope­­ratória estão funcionando.Mas a polícia haitiana se prepara para horas difíceis: a corporação perdeu muitos homens no terremoto, e muitos criminosos que estavam atrás das grades aproveitaram a catástrofe para fugir. Cerca de 4 mil detentos conseguiram fugir da penitenciária principal de Porto Príncipe, que fica em Cité Soleil, o bairro mais pobre e mais perigoso da ca­­pital haitiana.

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