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Ditadores de Cuba e Venezuela, Miguel Díaz-Canel e Daniel Ortega.
Ditadores de Cuba e Venezuela, Miguel Díaz-Canel e Daniel Ortega.| Foto: EFE

O diretor da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Michael Greenspon, alertou para a deterioração da liberdade de imprensa na América nos últimos sete anos e denunciou em entrevista à Agência EFE a situação em vários países da América Latina, especialmente Cuba, Venezuela e Nicarágua, onde "a única liberdade de expressão é a permitida pelo governo".

"Até 2015, assistimos a uma melhora da democracia e um relaxamento com a liberdade de imprensa, mas nos últimos cinco ou sete anos houve um aumento do autoritarismo no continente americano e pessoas que manipulam e fecham veículos de comunicação quando podem", declarou Greenspon, que concedeu entrevista antes de viajar para a Guatemala, onde planeia se reunir com líderes políticos.

Em uma sala do jornal "The New York Times", onde Greenspon trabalha como diretor global de licenciamento e inovação gráfica, o chefe da SIP frisou que a "primeira e principal missão" da entidade "é a defesa da liberdade de imprensa e de expressão", objetivos que estão em linha com aqueles que ele e o seu jornal defendem.

Defensor da liberdade de imprensa

Graduado em Direito e com carreira anterior no "Boston Globe" e no "Washington Post", confessa que frequentou a faculdade de Direito pensando em defender "a liberdade de imprensa contida na Primeira Emenda [da Constituição dos EUA] e defender jornalistas e organizações da comunicação social através da lei".

"As ameaças à liberdade de expressão estão mais presentes do que provavelmente vimos em 20 anos", comentou, antes de sublinhar que quando o SIP foi criado, há 80 anos, "a situação, de certa forma, era como é agora: não podia haver queixas de dentro dos países".

Neste sentido, afirmou que nesta semana viajará à Guatemala para "exercer pressão internacional" de forma preventiva.

"Em Cuba, Venezuela e Nicarágua não há liberdade de expressão e só há liberdade para se expressar da forma que o governo lhe permite. A Guatemala talvez não esteja em um extremo como esses três países, mas há um endurecimento da liberdade de expressão", assinalou

Jornalistas assassinados

Greenspon também mencionou o México, onde morreram 20 dos 40 jornalistas assassinados no ano passado no continente.

"Há um aumento dos ataques verbais governamentais ao jornalismo, e também um aumento dos assassinatos de jornalistas, e vemos que a polícia e o governo nem sempre fazem um esforço para lidar com isso. Seja explícito ou implícito, parece realmente haver alguma permissão (das autoridades), e é por isso que pedimos ao governo mexicano, em várias ocasiões, para investigar e processar os assassinatos de jornalistas", observou.

Para ele, governos autoritários, que "podem ser democraticamente eleitos", quando "não querem uma democracia livre e aberta, uma das primeiras coisas que fazem é limitar os veículos de comunicação, e estamos vendo isto cada vez mais por todo o continente americano".

"Nos EUA, alguns ataques não são tão diretos como costumavam ser, mas os políticos têm sido bem-sucedidos no ataque aos veículos de comunicação. Somos um bode expiatório útil para eles e isso tem continuado. Se dizemos algo que alguém não gosta, eles nos atacam por isso", relatou, antes de apontar indiretamente tanto para os partidos Republicano como Democrático e insistir que embora a situação tenha melhorado, o ambiente continua sendo "difícil".

Futuro incerto para veículos de imprensa

Além da defesa da liberdade de imprensa, outra das prioridades de Greenspon no seu ano à frente da SIP é lutar pela sobrevivência cada vez mais ameaçada dos veículos de comunicação diante das dificuldades de financiamento.

Greenspon mencionou a importância das plataformas digitais que pagam aos veículos de comunicação pela utilização da sua informação e dos governos que elaboram leis para evitar que muitos fechem no curto prazo.

O diretor da Sociedade Interamericana de Imprensa também quer que as grandes empresas tecnológicas ofereçam aos veículos de comunicação a ajuda que necessitam para desenvolver a transformação digital necessária para evitar no longo prazo o naufrágio no oceano da internet.

"Temos nos reunido regularmente com as plataformas, especialmente com o Google, para tentar fazê-las pagar diretamente aos veículos de comunicação pelo conteúdo que estão utilizando, mas também para que apoiem a imprensa e as transformações digitais", explicou, antes de expressar otimismo de que o seu ano de mandato "verá progressos e um aumento dos pagamentos aos veículos de comunicação social da América".

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