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O grupo insurgente al-Shabaab, que tem conexões com a al-Qaeda, expuslou nesta segunda-feira (28) 16 grupos de ajuda humanitária - incluindo seis agências da ONU - das regiões central e sudeste da Somália. A decisão deve prejudicar ainda mais os cidadãos somalis que já enfrentam seca e fome no país.

A proibição dos grupos de ajuda coincide com a visão cética que o grupo tem dos estrangeiros, mas vai piorar o sofrimento de centenas de milhares de somalis que dependem da ajuda internacional desde a pior temporada de fome do país, em 1991 e 1992.

Um ano sem chuvas devastou plantações e rebanhos no sudeste da Somália, matando dezenas de milhares de pessoas de fome nos últimos seis meses e forçando outras dezenas de milhares a fugir como refugiados.

A decisão do grupo parece estar fundamentada na crença de que os grupos de ajuda humanitária estão funcionando como espiões para outros países ou como veículos para minar o apoio à interpretação dura e restrita que al-Shabaab tem do Islã.

Testemunhas das cidades de Beldweyne e Baidoa disseram que homens armados e mascarados entraram nos escritórios dos grupos humanitários e apreendeu equipamentos.

O grupo al-Shabaab declarou em um longo comunicado divulgado em inglês que uma "investigação e revisão meticulosa durante o ano" foi feita pelo que foi chamado de comitê do "escritório para supervisão de assuntos de agências estrangeiras". O comitê documentou em um relatório "as atividades ilícitas e condutas impróprias de algumas das organizações".

Subversivos

O grupo somali acusa 16 organizações de disseminar informações sobre as atividades de combatentes muçulmanos e militantes, financiando e sendo cúmplice de "subversivos" grupos que buscam destruir os princípios básicos do sistema islâmico penal e de "persistentemente galvanizar a população local" contra o estabelecimento completo da lei sharia, uma interpretação dura e punitiva do Islã, e promover secularismo, imoralidade e os "degradantes valores de democracia em um país islâmico".

Entre as agências afetadas pela atitude da al-Shabaab estão o Unicef, a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), o Conselho Norueguês para Refugiados, o Conselho Dinamarquês de Refugiados, a Agência Alemã para Cooperação Técnica e a Ação Contra a Fome.

O al-Shabaab realiza amputações, apedrejamentos e decapitações como punição. O grupo também recruta crianças como soldados frequentemente. Por causa da sua política de limitar o trabalho de organizações humanitárias em seu território - especialmente do Programa Mundial de Alimentação da ONU -, áreas sob seu controle foram declaradas zonas de fome pela ONU em julho. Algumas dessas declarações de fome já foram rebaixadas, mas as Nações Unidas afirmam que 250 mil pessoas ainda enfrentam o risco imediato de inanição.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, condenou o al-Shabaab nesta segunda-feira por apreender equipamentos e propriedades de ONGs e agências das Nações Unidas. "Esse ato imprudente impede que essas organizações de assistência salvem vidas", afirmou Ki-Moon em comunicado divulgado. Ele exigiu que al-Shabaab "desocupe os locais e devolva os bens apreendidos às agências afetadas e às ONGs".

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