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Manifestantes protestam fora de uma unidade da Starbucks no dia 15 de abril de 2018 em Filadélfia, Pensilvânia. A polícia prendeu dois negros que esperavam dentro do Center City Starbucks, o que provocou um pedido de desculpas do CEO da empresa. | Mark Makela/AFP
Manifestantes protestam fora de uma unidade da Starbucks no dia 15 de abril de 2018 em Filadélfia, Pensilvânia. A polícia prendeu dois negros que esperavam dentro do Center City Starbucks, o que provocou um pedido de desculpas do CEO da empresa.| Foto: Mark Makela/AFP

Depois de o executivo-chefe da Starbucks dizer nesta segunda-feira (16) que convocaria um treinamento de "preconceito inconsciente" para gerentes da companhia e se desculpou pelo que chamou de "circunstâncias condenáveis" que levaram à prisão de dois negros em uma loja da Filadélfia, Pensilvânia, na semana passada, a Starbucks fechará todas as lojas da empresa nos EUA na tarde de 29 de maio para realizar educação sobre preconceito racial, informou a agência de notícias Reuters. 

Kevin Johnson, CEO da empresa, disse em uma entrevista no programa de tevê "Good Morning America" que estava revendo as ações do gerente da loja que chamou a polícia. Johnson disse que "o que aconteceu com esses dois cavalheiros estava errado". 

"Minha responsabilidade é olhar não apenas para este episódio, mas de um modo mais amplo para garantir que isso nunca mais aconteça ", disse o executivo. 

Johnson deve se encontrar com os dois homens, disse a empresa. Exatamente quando a reunião ocorrerá não está claro. 

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Os protestos continuaram nesta segunda-feira na Starbucks onde os homens foram presos. As pessoas inicialmente se reuniram do lado de fora, mas foram entraram por causa da chuva. 

Por volta das 6 da manhã de segunda-feira, um repórter do Philadelphia Inquirer tuítou que cerca de 40 manifestantes estavam na Starbucks em um bairro relativamente sofisticado da cidade. Uma pessoa na multidão içou uma placa que dizia: "Ela será demitida ou não?" - uma referência à gerente da loja que chamou a polícia. 

A Starbucks disse na segunda-feira que a gerente da "não está mais naquela unidade". 

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Rosalind Brewer, diretora de operações da Starbucks, falou sobre o pedido da empresa por treinamento sobre preconceito inconsciente para gerentes de loja em uma entrevista matinal com a rede pública de rádio americana NPR e chamou o incidente de um "momento de aprendizado para todos nós". Ela disse que, como uma executiva afro-americana com um filho de 23 anos, ela considerou os vídeos de celular feitos durante o incidente da tarde de quinta-feira “dolorosos”. 

"Seria fácil para nós dizer que esta era uma situação de um funcionário, mas tenho que lhe dizer que é hora de assumirmos responsabilidade pessoal aqui e fazer o melhor que pudermos para ter certeza de fazermos tudo o que podemos para evitar novos incidentes", disse Brewer à NPR. 

Como tudo aconteceu

Pelo menos dois vídeos de celular capturaram o momento tenso em que pelo menos seis policiais da Filadélfia entraram na unidade da Starbucks e pediram a dois homens negros sentados que saíssem. Um policial disse que os homens não estavam colaborando e estavam sendo presos por invasão de propriedade. 

"Por que eles estão sendo convidados a sair?" Andrew Yaffe aparece perguntando em um vídeo. Yaffe dirige uma firma de desenvolvimento imobiliário e queria discutir oportunidades de investimento de negócios com os dois homens. "Alguém mais acha que isso é ridículo?" ele perguntou às pessoas próximas. "É discriminação absoluta". 

Os dois homens não identificados foram algemados logo depois. Eles foram mantidos presos por quase nove horas antes de serem liberados, disse Lauren Wimmer, uma advogada que representou os homens no fim de semana. Nenhuma acusação foi apresentada, disseram as autoridades. 

Um dos vídeos da prisão viralizou nas redes sociais, com mais de 9 milhões de visualizações até esta segunda-feira de manhã. 

Benjamin Waxman, porta-voz do procurador distrital da Filadélfia, Larry Krasner, disse no fim de semana que a procuradoria decidiu que "não havia provas suficientes para acusá-los". 

Política da empresa

O CEO da Starbucks disse na manhã desta segunda-feira que há cenários que justificam chamar a polícia — incluindo ameaças e outros distúrbios — mas que, neste caso, "era completamente inapropriado contatar a polícia". 

A polícia foi criticada pela forma como lidou com a situação. Na segunda-feira, o comissário de polícia Richard Ross disse que um ou ambos os homens pediram para usar o banheiro, mas não compraram nada. Um funcionário disse que a política da Starbucks era recusar o uso dos banheiros para não-clientes e pediu aos homens que saíssem, de acordo com Ross. O empregado chamou a polícia quando eles se recusaram. 

"Esses policiais não fizeram absolutamente nada de errado. Eles seguiram o protocolo; eles fizeram o que deviam fazer. Eles foram corretos e profissionais na forma de lidar com esses senhores", disse Ross. 

Ele ainda disse que a polícia prendeu os homens depois que eles recusaram três pedidos para sair. 

Ross, que é negro, disse estar ciente das questões de preconceito implícito — discriminação inconsciente baseada em raça — mas não disse se acreditava que fosse aplicado neste caso. Ele disse que o incidente ressalta a necessidade de mais câmeras corporais para apresentar diferentes perspectivas de abordagens policiais. Os policiais não estavam usando câmeras, ele disse. 

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A Starbucks não tem uma política de pedir a saída de não-clientes, disse um funcionário da empresa. A empresa deixa as decisões de segurança e protocolo de atendimento ao cliente para os gerentes de loja, disse um funcionário da empresa que se recusou a dar o nome. Os gerentes podem deixar as portas do banheiro desbloqueadas ou trancadas se acharem que a loja está mais sujeita a comportamentos criminosos. Uma loja na mesma área da Filadélfia foi vítima recentemente por um assalto à mão armada. 

O funcionário da Starbucks reconheceu que o incidente está em desacordo com uma prática comum na Starbucks. As lojas são como centros "comunitários", disse o funcionário, onde as pessoas geralmente acessam o WiFi ou conversam com amigos sem necessariamente comprar nada. 

Wimmer, a advogada que representou os dois homens levados pela polícia, disse que passou boa parte de seu tempo na faculdade de direito na Starbucks sem comprar muito e nunca teve problemas com os funcionários da loja. O incidente foi racial, disse Wimmer, que é branca.

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