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Mascarado como sempre, o subcomandante Marcos, líder zapatista que volta à cena após meses de discrição, criticou nesta terça-feira o candidato de esquerda à Presidência do México, mas previu que ele vencerá as eleições.

Marcos saiu do seu esconderijo na floresta semanas atrás para percorrer o país no que chama de "a outra campanha" por uma aliança de esquerda apartidária, sem ambições políticas, em plena corrida presidencial.

Nas últimas pesquisas, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador perdeu a liderança, após vários meses, para o candidato governista Felipe Calderón. A eleição acontece em 2 de julho.

"López Obrador vai ganhar", disse o líder guerrilheiro, de capuz e fumando cachimbo, numa entrevista à Televisa, a primeira que concede em um estúdio de TV desde 1994, quando o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) pegou em armas pelos direitos de milhões de indígenas.

De passagem pela capital, na semana passada, o relegado Marcos voltou a ganhar a cena ao participar de uma enorme passeata em prol dos imigrantes mexicanos nos Estados Unidos e ao defender camponeses que entraram em confronto com a polícia na localidade de Atenco e foram duramente reprimidos.

Marcos havia criticado López Obrador por considerar que não representa uma alternativa real para o México, por ser semelhante ao atual governo e não ter compromisso com os indígenas.

"Estamos contra toda a classe política", disse nesta terça-feira o líder zapatista, para quem López Obrador só fala e faz o que possa lhe representar crescimento nas pesquisas.

Além disso, Marcos alertou que as eleições podem ser vigiadas pelo Exército e pela polícia, e que se o governo não apaziguar rapidamente os incidentes de violência, como na semana passada em Atenco, a situação pode sair de controle.

"Estão gerando um cenário de conflito que vai crescer. Que querem? As eleições vigiadas pelo Exército? Que seja tamanha a efervescência social a ponto de não ser possível realizar um processo eleitoral senão com a polícia e o Exército? Agora é o momento em que deve desativar, que podem fazê-lo."

Os confrontos entre policiais e moradores de San Salvador Atenco, no Estado do México (região central do país), terminaram com um menor morto, dezenas de feridos e cerca de 200 detidos. O conflito começou quando vendedores ambulantes de flores foram desalojados pela polícia.

Marcos disse que permanecerá na Cidade do México até que todos os presos do incidente sejam liberados.

Ele afirmou que o movimento zapatista continua vivo e conta com dezenas de milhares de simpatizantes e seguidores, principalmente nas montanhas do Estado de Chiapas (sul), apesar de observadores dizerem que a guerrilha já não inspira o mesmo entusiasmo visto há cerca de dez anos.

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