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Pessoas em Darfur em 2008
Pessoas em Darfur em 2008| Foto: Wikimedia Commons/COSV

O atual governo do Sudão, controlado pela cúpula do Exército desde o golpe de 2021, acusou nesta sexta-feira (10) as Forças de Apoio Rápido (FAR), um grupo paramilitar, de realizar uma "limpeza étnica" no estado de Darfur Ocidental. O Ministério das Relações Exteriores sudanês emitiu um comunicado alegando que as milícias estão cometendo crimes de grande escala, matando “indiscriminadamente" civis da tribo masalit, clã étnico nativo da região.

Segundo o comunicado, os crimes remontam a junho, quando membros de tribos árabes aliados das FAR assassinaram o governador do estado e massacram mais de 4 mil civis masalits, resultando no deslocamento da maioria da população de Darfur Ocidental.

O governo sudanês também acusou as FAR de inspecionar casas em Ardamata, cidade próxima à capital de Darfur Ocidental, Al Geneina, espalhando pânico e forçando o despejo dos habitantes. A alegação é de que esses atos visam evacuar o estado de seus habitantes locais para instalar membros de milícias e mercenários, incluindo estrangeiros.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) confirmou que pelo menos 800 pessoas foram mortas em Ardamata nos últimos dias, resultado de ataques de tribos árabes e paramilitares, após a retirada do Exército da área de Darfur, após confrontos com as FAR.

O massacre provocou condenação internacional, embora tenha sido ofuscado pelos acontecimentos na Faixa de Gaza. A ONU iniciou investigações para esclarecer os eventos de novembro. Mais de 8 mil refugiados sudaneses fugiram para o Chade na última semana, segundo a Acnur, enquanto organizações locais estimam que mais de 20 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas.

Toda essa ação ocorre em meio à guerra entre o Exército sudanês e as FAR, iniciada em 15 de abril, tornando o Sudão o país com o maior número de deslocados internos no mundo, de acordo com a ONU.

Apesar de um acordo recente entre as partes para proteger civis e facilitar a entrada de ajuda humanitária, as violações são frequentes, levando a um conflito que já causou quase 9 mil mortes e o deslocamento de mais de 6 milhões de pessoas. Cerca de 25 milhões de sudaneses necessitam urgentemente de ajuda humanitária, de acordo com as Nações Unidas. (Com Agência EFE)

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